quarta-feira, 17 de outubro de 2012

QUEM LUTA VENCE


           Por Antônio Giovani Rodrigues Santos


     Barreiro: as primeiras águas, José Joel Rodrigues dos Santos. São Paulo: Editora Nelpa, 2012, é um livro de memórias, mais uma história de vida que, ao ser publicado, procura imortalizar histórias, lugares, que insistem em permanecer na memória de quem os viveu.
O que esse lugarzinho escondido no sertão piauiense seco, atrasado, com milhares de outros lugares iguais tem de diferente para valer um livro? Vejamos o que diz o autor:
“O Barreiro é um lugar obscuro e enigmático, singelo demais para quem o visita, incomum e inesquecível para quem o conhece. A minha relação, com esse lugar é apaixonada e de extrema dependência psicológica cuja realidade gravita à beira do inconsciente e do sobrenatural
Na realidade, não é o lugar que é mágico e inesquecível é o que aconteceu lá, são as ações heróicas do pai do narrador que diferencia totalmente o Barreiro de outros lugares parecidos. O elo que liga o filho ao pai, como desconfia o narrador: “este elo eu imagino deve ser o Paulo...”, não são as pessoas que hoje habitam o lugar, mas a sua memória que não permite que o pai morra.  Nesse contexto, Paulo, Zuzu, Licínio, são apenas coadjuvantes na historia.
Já o Barreiro deixa de ser coadjuvante à medida que oferece as dificuldades para os fazeres heróicos do patriarca da família que não permite que a aridez da terra e o atraso cultural do lugar o vençam, como é narrado no poema Quem Luta Vence. O Sr. Sosa não mede esforços para educar os filhos para viver o mundo fora daquele lugar quase inóspito, pois sabe que o mundo moderno precisa de pessoas capacitadas e só o estudo poderá formar pessoas competentes para atuar nesse mundo. No livro, o determinismo natural e social é quebrado já que todos deixam o lugar para ter profissões de destaque. Deste modo, o fim trágico de narrativas da seca como as das personagens Chico Bento do romance O quinze, de Raquel de Queiroz e de Fabiano do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, vitimas da seca e do cultural não ocorrem mais, pois a inteligência humano supera o determinismo que assola as regiões subdesenvolvidas.
Sosa é um herói que, diferente de muitos outros, sai do anonimato, através destas singelas memórias, escritas pelo meu irmão mais velho. O orgulho que sente do lugar onde nasceu e de sua família é tanto que teve a felicidade de eternizá-lo em livro.
                                                                       
           COMENTO:
          Fiquei agradavelmente surpreso ao saber da produção literária de Zé Joel, autor de Barreiro(As Primeiras Águas), um livro de memórias, que resgata e contribui com a preservação da nossa história. Ao descobrir mais esta vocação literária, procurei fazer um contato com ele. Seguindo no anonimato, como tem sido a nossa trajetória com o nosso querido blog da terrinha, fiz este contato e para minha surpresa maior, ele respondeu imediatamente e de forma muito positiva ao nosso chamamento.
          Fez rasgados elogios a este humilde blog, que tem a pretensão apenas, de fazer uma interação entre os povos que descendem deste pobre, mas querido rincão. E principalmente, se propôs a colaborar conosco sempre que tivesse disponibilidade.
          Zé Joel é um cidadão do mundo, morou em diversos lugares, ocupou inúmeros cargos relevantes: Gerente de banco, Secretario de governo, auditor fiscal e com atividades na iniciativa privada. É um vencedor por méritos próprios. E continua o mesmo, curtindo a sua terra natal, tendo a localidade Barreiro como o seu porto seguro.
          Antonio Giovani Rodrigues Santos, autor desta resenha é seu irmão e professor universitário de Portugues. 

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