Pensando a cidade de Francisco Santos e suas
práticas cotidianas a partir da literatura e da memória
Nas
primeiras páginas de sua obra o
poeta e escritor João Bosco da Silva, começa por explicar o que é a crônica,
que para ele, pode ser definida como um relato mais ou menos raso, dos fatos do
cotidiano. São com base nesses relatos e fatos que buscamos analisar quais eram
as práticas cotidianas e como era o modo de viver do povo franciscossantense
nas décadas de 1960 e 1970. Essa análise será feita a partir dos escritos
literários e da memória, que os habitantes da cidade têm sobre essas épocas.
Para
fazermos uma análise de Francisco Santos a partir da sua literatura local, é de
suma importância estabelecermos um paralelo com a obra “Literatura como missão”
escrita por Nicolau Sevcenko (2003), se este, utiliza-se da literatura como
fonte documental para analisar a sociedade brasileira no período da Primeira
República, nós neste trabalho utilizaremos a literatura para fazer uma análise
da cidade de Francisco Santos e de suas práticas cotidianas nas décadas de 1960
e 1970. O autor para produzir sua obra utilizou-se das crônicas, contos e romances,
em nosso trabalho além das crônicas e dos contos, utilizaremos o cordel e a
poesia. Assim como Sevcenko pretendemos mostrar que a literatura configura-se
como um documento riquíssimo para compreender a história.
Uma
das principais fontes literárias local que iremos utilizar são obras do poeta e
escritor João Bosco da Silva, dessa forma, faz-se necessário apresentá-lo. João
Bosco da Silva nasceu no antigo povoado Jenipapeiro, hoje Francisco Santos, no
dia 9 de novembro de 1944, em um local chamado alto do Trapiá. Quando menino
seus pais sonhavam que ele estudasse medicina, porém acabou fazendo o curso de
letras, o mais clássico na época, despertando assim o interesse pela literatura.
Sua primeira experiência com a escrita foi um romance publicado em 1965-1966,
produção esta que venceu um concurso literário da prefeitura de Teresina no ano
de 1993, anos depois em outro concurso, foi premiado com o livro Geralho. No
ano de 2006 ganhou o concurso de outra fundação da cidade de Teresina. No ano de 1985, compôs o hino da cidade de Francisco Santos, a pedido
da prefeita, o hino seria apresentado na festa de 25 anos do município. Com a
preocupação de deixar fontes escritas sobre a cidade, para que as gerações
futuras pudessem compreendê-la, João Bosco produziu vários livros que mostram a
essência da cidade de Francisco Santos.
Neste
trabalho pretendemos trabalhar com práticas cotidianas, e isso implica trabalhar
com particularidades, detalhes e minúcias. Sendo assim, as crônicas contidas na
obra de João Bosco da Silva, que serão utilizadas para a construção deste
trabalho, são de suma importância, pois são testemunho da vivência, do modo de
ser e dos costumes do povo da cidade de Francisco Santos, dentro desse recorte
temporal escolhido:
As crônicas aí estão para dar conta dos
conflitos, lutas, costumes, normas, lendas e tradições da vida associativa de
um povo [...] algumas de caráter pessoal, o que vem tipifica, através do
testemunho de nossa vivência e atuação, o modo de ser e de viver de outras
pessoas e famílias, bem como certos usos e costumes hoje praticamente
desaparecidos. (SILVA, 2010, p. 11).
Partindo
dessa perspectiva é de nossa pretensão fazermos um estudo das práticas cotidianas
de Francisco Santos, analisando não apenas as crônicas, mas também outros
gêneros literários somados às obras de João Bosco, tais como, cordéis e poesias
de outros poetas populares. A memória que as nossas fontes orais têm dessas práticas,
seja como praticantes ou apenas como telespectadores darão sustentabilidade a
nossa pesquisa, pois é de nosso interesse analisarmos as representações da
cidade de Francisco Santos e suas práticas cotidianas tendo como fonte a
literatura e a memória.
2.1 O lugar Francisco Santos
No início deste subtópico intitulado: O lugar
Francisco Santos, torna-se necessário fazermos uma breve reflexão sobre o
conceito de lugar, para posteriormente adentrarmos em sua análise. Segundo Marc
Augé (1994), podemos definir o lugar como aquele espaço antropológico, marcado
por características identitárias, relacionais e históricas.
Vejamos o fragmento do poema a seguir que
trata sobre lugar:
O lugar é
todo espaço.
Apropriado
pra viver.
O lugar é
onde a vida.
Pode se
desenvolver.
O lugar é
onde o homem.
Pode se
apropriar.
A história e
a vivência.
Dão sentido
ao lugar.
O lugar é um
espaço.
Praticado e
vivido.
Pois o homem
se apropria.
E aos lugares
dá sentido. (SOUSA, 2017).
Analisando o poema acima, nota-se que lugar, é
o espaço do qual o homem apropria-se, e através da sua história, das suas
vivências, os lugares ganham vida, ganham sentido. Sendo o lugar, o espaço do
vivido, ele é também o espaço do cotidiano, pois ao apropriar-se dele o homem
faz história, e consequentemente produz memória. Se os lugares são espaços
carregados de vivências e onde a vida pode se desenvolver, como está descrito
no poema, os não-lugares são o oposto disso, Augé (1994) pontua que não-lugares
são espaços onde não pode haver vida, onde não há vivência, sendo assim o
não-lugar é o espaço onde o homem não consegue estabelecer nenhum tipo de
vínculo e afetividade quando o ocupa. O apropriar-se do homem em um lugar
consequentemente produz história, sendo assim analisaremos as vivências
produzidas no lugar Francisco Santos.
Sobre a localização do lugar de Francisco
Santos assim descreve o poeta João Bosco:
Estado do Piauí,
Microrregião de Picos,
Fora dos grandes cerrados,
Mais de solos bons e ricos
E florescente mercado,
Feitos por homens profícuos:
Fica aí meu Chico Santo,
Terrinha que eu amo tanto!
Premido entre chapadões,
No vale do Riachão,
Propícios para o cultivo
Da mandioca e do feijão,
Do caju que, ultimamente,
Vem causando sensação; [...]. (SILVA, 2013).
Acima
temos trechos do cordel “A terra”, onde o autor João Bosco da Silva fala sobre
o lugar da cidade de Francisco Santos, destacando sua localização geográfica, e
apontando aspectos do seu relevo, hidrográficos e do comércio.
Como
bem coloca o autor no início de seu cordel, a cidade de Francisco Santos está
localizada na mesorregião do sudeste do estado do Piauí, situada na
microrregião da cidade de Picos. Francisco Santos possuí uma área territorial
de 596, 502 quilômetros quadrados e sua população é de 8.619 habitantes,
segundo censo do IBGE (2010). Seus municípios limítrofes são: Pimenteiras ao
norte; Jaicós ao sul; Monsenhor Hipólito e Campo Grande ao leste; Santo Antônio
de Lisboa e Geminiano ao oeste. Pode-se perceber que é uma cidade de solo
fértil propício para a agricultura, pois em suas terras são cultivados produtos
agrícolas como a mandioca, caju, milho e feijão.
O
município de Francisco Santos é cercado por chapadas, seu relevo constitui-se
principalmente de superfícies tabulares reelaboradas (chapadas baixas), e
superfícies tabulares cimeiras (chapadas altas), dessa forma o autor adverte
que o município está “premido entre chapadões”. Seu clima é semiúmido e quente.
Com relação a sua hidrografia precisamos fazer uma ressalva, no período da produção
do cordel tínhamos como recuso hídrico o rio Riachão, hoje se encontra
praticamente morto, sofrendo com o processo de assoreamento, com as retiradas
de enormes quantidades de areia de suas remediações para construção civil, e com
a poluição que contribuem para sua degradação. Devido tais acontecimentos João
Silva (2014) lamenta em seus versos a morte diária do rio: “Saudade! Oh
Riachão, antes esperto, / Hoje virou esgoto a céu aberto, / E alho, que é bom,
já não se planta mais”.
Segundo
relatos das fontes orais usadas nessa pesquisa, as terras que hoje compõe o
atual município de Francisco Santos começaram a ser ocupadas por volta do ano
1818. Os primeiros habitantes da antiga fazenda Jenipapeiro, segundo nossos
depoentes, foram nove baianos: Rosa Maria Rodrigues, Policarpo Rodrigues
Chaves, Isabel Maria Rodrigues, Antônio Rodrigues da Silva, Maria Vitória e seu
filho solteiro Salvador Rodrigues Chaves e ainda, João da Cruz, Tereza e
Anacleta, escravos de Maria Vitória.
Cem
anos após a ocupação, no ano de 1918, foi erguida a primeira capela. Esta
funcionou como uma espécie de ímã, passando a atrair pessoas ao seu redor,
formando um arraial. Essa “atração” dos habitantes por construírem suas casas
aos arredores da capela pode ser notada na fala do senhor Antônio Borges de
Moura:
[...] Já existia a igreja. A igrejinha aí foi
construída em 1918, mais só a igreja. O resto era tudo mata. Aí o pessoal
vinha, desmatando e construindo as casas sempre ao redor da igreja. Assim, uma
mais perto, outra mais longe, outra mais pro lado, outra mais pra outro. [...]
Começou o povoado foi dessa maneira, ao redor da igreja. (MOURA, 2017).
Podemos
caracterizar a cidade como um aglomerado populacional, como um lugar de
vivências, marcado pela concentração de indivíduos em um determinado espaço,
mas para que haja a concentração de pessoas em certo local elas precisam se
sentirem atraídas por algo. Várias cidades do interior piauiense se
desenvolveram assim, ao redor de um ímã, que atraí e concentra pessoas, seja
esse ímã um rio, fazendas de gado, ou uma capela, a exemplo de Francisco Santos.
Na fala do senhor Antônio Borges de Moura, notamos que o lugar de Francisco
Santos nessa época era de aspecto ruralista, cercado por árvores, tendo a
capela no centro. Os moradores foram construindo suas moradias e fixando-se ali
mesmo, embora fizessem suas moradias afastadas uma das outras, mas todas nas
remediações próxima a igrejinha.
Aquele
arraial que ia se desenvolvendo ao redor da igreja, aos poucos foi crescendo e
mais pessoas foram se aglomerando naquele espaço. No ano de 1935 o então vilarejo
foi elevado à posição de povoado com o nome de Jenipapeiro. Tal denominação
segundo as nossas fontes orais foi atribuída pela quantidade de jenipapeiro
(árvore tropical) que ali se encontrava. Contudo há controvérsias sobre essa
denominação, Silva Neto (1985) defende que o topônimo foi dado em homenagem a
Batalha do Jenipapo, travada em Campo Maior no dia 13 de março de 1832.
O
então povoado Jenipapeiro pertencia
ao município de Picos, mas no dia 24 de dezembro de 1960 tornou-se
independente, instalando-se como cidade. Elevado à categoria de cidade foi
denominado de Francisco Santos, em homenagem ao Coronel Francisco de Sousa
Santos, um influente político que sempre auxiliava os moradores do antigo
povoado.
De
forma lenta e acanhada, a cidade de Francisco Santos foi se desenhando
urbanisticamente, aos poucos as casas foram se multiplicando, “ocupando os
lajeiros, comprimidas e apertadas, sem ordem, sem áreas livres” (SILVA NETO,
1985, p. 25). Por não contar com um plano urbanístico, a cidade expandiu-se
naturalmente, de forma desordenada. Segundo Mariano da Silva Neto (1985),
Francisco Santos cresceu sem condições higiênicas, em alguns locais
apresentando aparência de favela. As suas ruas eram estreitas, sem calçamento,
a areia “disputava com o calçado”, como nos relata o Senhor João Bosco da
Silva:
As ruas eram estreitas, aqui nesse largo da
igreja, não tinha calçamento, nada, areia, até ali no mercado, a areia
disputando com o calçado, era uma fadiga você andar de sapato, a areia invadia.
A sujeira era tamanha que, era papel, era lixo, era coisa lhe cegando os olhos.
Era uma tristeza, tinha poucas ruas, não havia calçamento, não havia
esgotamento, não havia praticamente nada. (SILVA, 2017).
Percebemos
que nessa época a cidade de Francisco Santos, tinha poucas ruas, e as poucas
que tinham eram de aspecto precário, sem saneamento, sem calçamento. Segundo
relatos das nossas fontes orais as poucas ruas existentes além da rua
principal, eram algumas aos arredores da igrejinha.
Pertencer
a uma cidade implica formas de representar essa cidade pelas suas práticas
cotidianas, sendo que, o espaço urbano é caracterizado, por agentes que produzem
e consomem os espaços. Em Francisco Santos nas décadas de 1960 e 1970, quais
eram as práticas cotidianas de seus moradores? Quais eram seus espaços
praticados? Buscaremos a partir de agora responder a essas problematizações.
2.2. Fé
e devoção de um povo: aspectos e manifestações do catolicismo em Francisco
Santos.
Nascida como nasciam
As povoações antigas,
Sobe o símbolo da cruz
E amparadas pelas vigas:
Da virtude e da moral
- o trigo dentre as urtigas:
Jenipapeiro nascestes,
E à sombra cristã crescestes.
Buscaram a proteção
Da Santa Virgem Maria,
Intercessora maior,
Doce mãe que negocia
Junto a seu filho no céu
Os pleitos da freguesia [...]. (SILVA, 2013)
Como
ressaltado no cordel acima, de João Bosco da Silva, várias povoações antigas
cresceram sob o “símbolo da cruz”, isso fazendo referência às cidades e povos
que se desenvolveram tendo uma forte influência do catolicismo. Jenipapeiro,
hoje Francisco Santos, nasceu sobre a sombra da religião católica, esse
desenvolvimento fortemente ligado à fé se reflete ainda hoje na fervorosa
devoção do povo franciscossantense, como destaca o poeta. Fé e devoção estas,
manifestadas até hoje no novenário e culto a Maria, tendo como padroeira da
cidade o Imaculado Coração de Maria.
A
religião pode ser entendida como um sistema de valores e práticas sagradas, que
agrega e reúne pessoas que partilham da mesma crença. Buscaremos aqui
compreender quais são os aspectos e manifestações da religião católica, na
cidade de Francisco Santos nas décadas de 1960 e 1970.
Para
um melhor entendimento da religião e das práticas religiosas na cidade em
estudo dentro do recorte temporal escolhido, é necessário fazermos um breve
recuo, para entendermos como a fé católica chegou à cidade, como se consolidou,
e como seus praticantes conseguiram manter acessa até hoje a chama do
catolicismo.
Segundo
nossas fontes orais as famílias baianas que povoaram as atuais terras de
Francisco Santos eram famílias católicas. Analisando os registros no livro de
tombo da igreja, podemos afirmar que o catolicismo instalou-se aqui desde a
chegada dessas primeiras famílias, elas trouxeram consigo duas imagens de
santos, sendo uma de Santo Antônio e outra de Nossa Senhora das Dores.
As
manifestações de fé e devoção do franciscossantense começaram com os primeiros
habitantes, que prestavam culto às duas imagens. Todos os anos eram festejadas
as novenas em honra aos santos. A novena de Santo Antônio era realizada na casa
de Policarpo e Rosa, e terminava no dia 13 de junho. A Novena de Nossa Senhora
das Dores era festejada na casa de Antônio e Isabel e terminava em 8 de
dezembro, dia da Imaculada Conceição. Ambas eram bem festejadas, as salas onde
se realizavam os festejos eram iluminadas com velas feitas de cera de abelha,
que eram fixadas nas paredes feitas de taipa, não havia fogos na época, porém,
como consta no livro de tombo, davam-se tiros de bacamartes.
A
religiosidade dos primeiros habitantes da antiga fazenda Jenipapeiro foi
passada de geração a geração. Podemos definir a fé católica e suas manifestações
nas décadas de 1960 e 1970 como práticas fervorosas de devoção. Nessas épocas o
povo manifestava sua fé através de práticas diversificadas:
Antes mesmo de construir a igreja já começou
os terços, as novenas, os leilões, ai construíram a igreja. Quando eu nasci eu
acho que tinha a igreja. Aí tinha a festa de padroeira [...] aí, depois
implantaram a Festa do Coração de Jesus nessa época, nesses tempos aí era igual
a do Coração de Maria, muito, muito animado, e o terço no cruzeiro, menino, era
tradição. Oficio todo sábado, e toda noite tocava ali, tinha a oração do
Ângelus, depois começaram rezar o terço toda noite, aí pronto, inventaram essa
coroação de Nossa Senhora, aí tinha todo ano, ainda hoje tem, no sábado na
noite do leilão, Coroação de Nossa Senhora. (SANTOS, 2017).
Segundo
o relato acima da senhora Rosa Isaura Santos, percebemos que o hábito do povo
de Francisco Santos de manifestar sua fé e sua crença, através da prática do
terço, novenas, ofícios, já era algo presente no cotidiano dos habitantes mesmo
antes de se construir a igreja, e que se estenderam até as décadas de 1960 e
1970, e que perdura até hoje. É notório que embora a população não usufruísse
de um templo religioso para fazer suas orações, estas não deixavam de serem
feitas, as mesmas eram realizadas nas próprias residências dos moradores.
Após
a edificação da capela, no ano de 1918, as práticas religiosas até então
realizadas apenas nas residências dos franciscossantenses, passaram a ser
realizadas na capela. É preciso ressaltar que embora tivesse sido construída a
capela para a realização das orações coletivas, a fé e devoção do povo era tão
grande que todos os católicos rezavam o terço em suas casas, e tinham fixados
nas paredes de suas residências os santos de sua devoção, diante dos quais
faziam suas orações individuais.
Vejamos
o que nos relata o senhor João Bosco da Silva:
Todo mundo praticamente vinha aos Domingos
para o terço das 9 horas da manhã na igreja, todo mundo fazia sua confissão
anual, todo mundo fazia suas orações em casa, rezava seu terço, todo mundo
praticamente em suas casas tinha uma fileira de santos na parede diante dos
quais ele rezava seu terço toda noite, 9 horas da noite, pediam suas bênçãos,
agradecia o que recebeu. (SILVA, 2017).
Notamos
que os católicos praticantes em Francisco Santos sempre exercitavam sua fé, e
que buscavam seguir os mandamentos de Jesus, os mandamentos da igreja, que pede
do bom católico o ato de se confessar pelo menos uma vez ao ano. Em todos os
relatos orais, é possível notar que ir aos domingos para rezar o Santo Terço
era uma prática cotidiana dos franciscossantenses. Sendo assim, a oração do Santo Terço,
caracterizava-se como a principal oração do dia. As famílias tinham o costume
de se reunirem para rezarem juntas, ninguém dormia sem fazer suas orações, e
sempre tinham a tradição de fazer orações pelos familiares e amigos falecidos.
Ter
uma fileira de santos na parede diante dos quais se rezavam todo dia, como bem
coloca nossa fonte oral, é uma das principais características do catolicismo
popular. Sobre a devoção aos santos católicos assim descreve Sérgio Buarque de
Holanda, em seu livro Raízes do Brasil:
Nosso velho catolicismo, tão característico,
que permite tratar os santos com uma intimidade quase desrespeitosa e que deve
parecer estranho às almas verdadeiramente religiosas [...] cada casa quer ter
sua capela própria, onde os moradores se ajoelham ante o padroeiro e protetor.
Cristo, Nossa Senhora e os santos já não aparecem como entes privilegiados e
eximidos de qualquer sentimento humano. Todos, fidalgos e plebeus, querem estar
em intimidade com as sagradas criaturas e o próprio Deus é um amigo familiar,
doméstico e próximo [...] (1995, p. 149).
A
religiosidade do povo também era refletida na busca dos fiéis pelos
sacramentos. Em junho do ano de 1961 aconteceu em Francisco Santos uma visita
pastoral (chamada também de Santas Missões), com duração de 4 dias. O registro
de pessoas que receberam os sacramentos, segundo consta no livro de tombo foi o
seguinte: Comunhões: 3. 887 – crismas 515 [...]. Batizados masculinos 14,
femininos 7. Nessa mesma ocasião ocorreu
um fato que nos chama atenção e deixa bastante claro como o povo
franciscossantense era religioso e se preocupava em praticar e zelar por sua
fé, segundo relatos do senhor João Bosco da Silva, por ocasião das Santas
Missões que acontecia na cidade, de toda a população daquela época apenas uma pessoa deixou de se confessar:
[...] Apenas uma pessoa aqui, uma pessoa, não
sei se devo dizer o nome, deixou de se confessar. Santas missões é aquele que,
uma semana de movimento religioso, com muitos padres, com o bispo. O bispo
desse tempo era até Dom Raimundo que foi assassinado aqui em Oeiras. Uma pessoa
de Mané Ramos, simplesmente deixou de se confessar, a população todinha se
confessou, pra você ver o aspecto religioso como era. (SILVA, 2017).
“Pra
você ver o aspecto religioso como era”, com bases nessas palavras do nosso
depoente, podemos constatar que a religiosidade e fé do povo eram fortes. É uma
manifestação de devoção a Santa Igreja e a seus mandamentos, onde toda a
população da cidade buscava a confissão, exceto um habitante. Esse fato
comprova como o catolicismo se manifestava nessa época.
Além
dos ofícios, reza do santo terço, novenas em honra a Santo Antônio e Nossa
Senhora das Dores, outra manifestação de fé dos fiéis nessa época eram as
peregrinações que já se faziam até a Cruz ao Velho. Em uma de suas crônicas
Silva (2010) descreve como se originou o culto a Cruz ao Velho:
Um caçador encontrou uma ossada humana, obra
de uma légua distante do povoado. Não se sabendo a qual vivente pertenceu,
dá-se-lhe sepultura e cruz, e faz-se-lhe a oração fúnebre como manda a Santa
Madre Igreja. Vai daí que uma mulher muito piedosa diz ter alcançado uma graça
por intermédio daquela alma penada. Foi o bastante. A notícia se espalha como
rastilho de pólvora. Vira romaria o lugar. Verdadeira peregrinação à primeira
terça-feira de cada mês. (SILVA, 2010, p. 117).
De
acordo com nossas fontes orais, o senhor Moisés, habitante de Francisco Santos,
e condutor da Via-sacra, foi quem encontrou os restos mortais de um homem velho
o qual teve seu corpo devorado pelos urubus. Os relatos orais de nossas fontes,
indicam que o corpo era de um velhinho, pelo fato de que na época, vários
habitantes da cidade viram um senhor de idade andando pelas redondezas,
carregando consigo umas latinhas. Junto com os restos mortais encontrado por
Moisés estavam as supostas latinhas que o velho portava, isso indicava que o
corpo era de fato do velhinho, e por esse motivo o local foi batizado de “Cruz
ao Velho”. Naquele local, Moisés ergueu uma sepultura e colocou uma grande cruz
em favor da pobre alma. A partir deste dia, vários fiéis católicos passaram a
fazer pedidos a Cruz ao Velho e alegavam terem alcançado as graças e milagres
pedidos. Ainda hoje a Cruz ao Velho é visitada, e é ponto de peregrinação.
Na
Cruz ao Velho, notamos que acontece algo que chamamos de relação devocional contratual, esta por sua vez se
caracteriza pelo acordo que o devoto faz com o santo de sua devoção, e tal
acordo só tem fim quando a graça ou pedido é alcançado, depois que o devoto tem
seu pedido realizado, ele paga sua promessa. A Cruz ao Velho, não é um santo
propriamente dito, mas como mencionado anteriormente ela é tida como milagrosa,
e várias são as pessoas que fazem promessas e são atendidas. A relação
devocional contratual é perceptível
na Cruz ao Velho como pudemos observar na visita feita ao local. Notamos que
aos arredores da cruz há vários objetos como canetas, casas de madeira, partes
do corpo feitas de madeiras. Segundo nossas fontes orais, tais objetos estão lá
devido a uma graça alcançada.
Sobre
essa relação entre o devoto e o santo afirma Pedro Ribeiro de Oliveira:
O santo está ao alcance imediato do fiel: na
imagem, na estampa, nos santuários, num cruzeiro à beira da estrada, numa
gruta, ou nos arredores do cemitério. O fiel não precisa recorrer a um mediador
especializado para contactar o santo; vai diretamente a ele, conversa com ele,
expõe seus problemas, agradece as “graças”, ou simplesmente presta seu ato de
culto. (OLIVEIRA, 1978, p. 79).
A
devoção que o povo de Francisco Santos tem pela Cruz ao Velho é uma prova de
que a religiosidade dessa gente não se fundamenta apenas pela fé na pessoa de
Jesus Cristo, no Imaculado Coração de Maria e nos santos católicos. A
religiosidade do franciscossantense é sustentada também na alma de uma pessoa
anônima, a qual atribuem como milagrosa. Nossas fontes orais atestam que todo
aquele que se apega a Cruz ao Velho tem seus pedidos atendidos. Os favores e
milagres que os fiéis alcançam são perceptíveis na poesia escrita por Rosa
Isaura Santos, a qual versa da seguinte maneira:
Pra rezar na Cruz ao Velho
Segue o povo em romaria
Agradecendo os favores
Que recebem todo dia.
As
práticas religiosas estavam presentes no cotidiano dos franciscossantenses. Estes,
diariamente faziam suas orações e costumeiramente rezavam o Santo Terço antes
de dormirem. Podemos até dizer que naquela época as manifestações de fé eram
mais fervorosas, pois era uma prática obrigatória, as famílias (crianças,
jovens e adultos) se reuniam para fazerem suas orações e rezarem o terço. Hoje
praticamente a reza do Terço em família está quase extinta.
2.3. A arte da compra
e da venda: o comércio em Francisco Santos
De lavrador mãos calosas
Do cabo da bruta enxada,
Esse valente roceiro
Se transforma de virada
Em vendedor competente,
Que na conversa fiada,
Como quem não quer, querendo,
Seu produto vai vendendo!
Tal qual o camaleão,
Que sempre muda de cor,
O bom franciscossantense
Tem artes de vendedor,
Por isso é tido e havido
Como um tipo “vivedor” [...].
Partia de Chico Santo
Nos antigos paus-de-arara,
Além do alho levando
Só coragem e a cara,
Esperança e fé em Deus,
Virtudes hoje tão raras. [...]. (SILVA,
2013).
A
atividade comercial pode-se caracterizar como sendo a arte de comprar e vender
produtos, caracterizando-se ainda pela troca destes. O comércio é uma prática
de origens tão antiga, bem como o próprio homem. Essa atividade surgiu da
necessidade que o indivíduo tinha em trocar com o outro o produto que ele
cultivava por aquilo que ele não produzia. Ou seja, em sociedades antigas, se
um grupo cultivasse apenas milho, e outro apenas feijão, eles trocariam os
excedentes entre si.
Na
cidade de Francisco Santos, a vida comercial se desenvolveu a partir da
comercialização de produtos provenientes da agricultura, principalmente do
cultivo, venda e exportação do alho. Este inicialmente foi o principal produto
a ser comercializado em maiores proporções, mais haviam outros que eram
cultivados e vendidos, tais como o feijão, a cebola. O comércio de Francisco
Santos, movimentado a partir da agricultura, fica bastante evidente no início
do cordel, acima citado, onde o autor ressalta que das mãos do lavrador saem
produtos a serem comercializados.
O
franciscossantense ficou conhecido em outros estados pela sua capacidade e
facilidade de ser dar bem no comércio e nas práticas mercantis. Sua habilidade
na arte de vender é conhecida não apenas nas cidades vizinhas, mais também em
outras regiões, caracterizando-se assim como um tipo de “vivedor”, aquele que
sabe se sair bem nos negócios e vende seus produtos “como quem não quer,
querendo”, pois tem a lábia de um bom vendedor.
Nas
décadas de 1960 e 1970 muitos eram os homens de Francisco Santos que se
deslocavam da cidade para venderem produtos em cidades vizinhas e outros
estados, movimentando assim o pequeno comércio que começava a emergir.
Segundo
o depoimento da Senhora Rosa de Lima Carvalho (2017), o comércio em Francisco
Santos caracterizava-se assim:
O comércio aqui eu lembro ainda, meu pai
mesmo era um desses que plantavam. Eles já começaram o comércio assim,
plantavam alho, cebola no rio, quando chegava no tempo da colheita eles já
colhia aquele produto, botavam em animais e saiam viajando, Maranhão, Ceará.
Eles já vendiam e o comércio já começou por aí. [...] Viajavam muito de animal
naquela época, pra passar trinta, quarenta dias. Muitas pessoas daqui faziam
isso. E aí foi desenvolvendo né? O pessoal foi já comprando produtos, entrando
produtos de fora. (CARVALHO, 2017).
A
comercialização do alho representou um avanço considerável nas atividades
comerciais em Francisco Santos. Esse produto possibilitou que as trocas
comerciais na cidade se desenvolvessem, não só vendiam, mais também compravam.
Ao passo em que iam vender alho em outras regiões, lá mesmo, com o dinheiro
proveniente da venda eles já compravam outros produtos alimentícios como o
arroz e o café e traziam para a cidade.
Essa
capacidade e facilidade do povo de Francisco Santos de sempre se dar bem no
comércio, muitas vezes é apresentada nos cordéis de forma engraçada e
pitoresca, como podemos observar a seguir, no cordel de Rosa Maria de Araújo
Lima, presente no livro Romanceiro dos versejadores e repentistas de
Jenipapeiro:
O povo de nossa terra
Vive com facilidade
Sabe comprar e vender
Dentro e fora da cidade
Possui um grande saber
Mesmo quem não sabe ler.
Vive com facilidade.
Dizem que os astronautas
Chegando ao solo lunar
Pensando ser os primeiros
Ouviram um grito zoar
Moço! Sou de Chico Santo!
Tenho alho ali um canto
Venham, venham me comprar. (LIMA, 2010, p.
229)
Segundo
os relatos de nossas fontes orais, o fato do franciscossantense está sempre
viajando com suas tranças de alho pelos estados brasileiros, fez com que
algumas pessoas, por brincadeira, ficassem dizendo que o povo de Francisco
Santos foi vender alho até na lua, como versado no cordel acima citado. Essa
brincadeira é presente, perdura até hoje, vez ou outra, escuta-se alguém dizer:
“Francisco Santos! Terra de gente que já foi vender alho até na lua”. Essa
“brincadeira” vem nos reforçar a habilidade comercial do povo de Francisco
Santos na arte mercantil.
Além
da safra do alho que dava sustentabilidade para a economia da cidade, havia
também a safra do feijão, logo as duas safras de maiores proporções eram essas
duas, as quais movimentavam o comércio local.
Os
pontos comercias também chamados de bodegas, eram poucos nessa época. Dessa
forma o comércio a varejo não era de grande dimensão, até porque, uma parcela
dos produtos que se consumiam no dia-a-dia, as famílias retiravam da sua
própria lavoura. As maiores demandas de produtos que os moradores consumiam das
bodegas eram o arroz, açúcar, sal, café e também remédios provindos de cascas e
ervas locais.
Outro
produto que movimentava o comércio de Francisco Santos, segundo nossas fontes
orais, era a venda de tecido. Os vendedores de tecido traziam seus produtos de
estados vizinhos, para comercializarem dentro e nas áreas próximas à cidade.
Francisco
Santos nessa época tinha sua prática voltada mais para a comercialização do
alho, este atribuiu ao franciscossantense a qualidade de bom vendedor, pois ele
saia da cidade com suas tranças de alho e percorria várias regiões vendendo seu
produto. Nossas fontes orais apontam que nenhum franciscossantense voltava para
a cidade sem vender sua mercadoria.
2.4. Educação em
Francisco Santos nas décadas de 1960 e 1970.
Para
compreendermos o aspecto educacional na cidade de Francisco Santos nas décadas
de 1960 e 1970, retroagiremos um pouco para fazermos um resumo histórico da
educação escolar na cidade até chegarmos a esse período.
O
processo educacional na cidade de Francisco Santos começou a se desenvolver
muito antes da construção dos prédios escolares. Nossas fontes orais nos
permitem concluir que inicialmente a educação escolar era de caráter
particular. Por não haver escolas ou pessoas capacitadas para ensinar, aquelas
famílias que tinham mais condições financeiras acabavam trazendo pessoas de
Picos para ensinarem. O ensino das primeiras letras se dava nas residências,
quem contratava a pessoa de fora para ensinar pagava mensalmente uma quantia
fixa para o professor, por sua vez tinham que comprar todo material escolar.
Vejamos o relato do senhor Antônio Borges de Moura (2017) sobre o processo
educacional em Francisco Santos:
O proprietário de uma casa [...] contratava
um mestre, mais de fora por que aqui ninguém tinha estudo ainda, e trazia pra
ensinar ali um mês, dois, conforme fosse. As pessoas mandavam pra escola
daquele mestre, agora, pagando a mensalidade, quando o aluno contratasse tinha
que pagar a mensalidade, tinha que trazer o caderno, tinha que trazer a pena,
tinha que trazer o tinteiro e tinha que trazer à merendinha, não tinha nada
público, era tudo particular. (MOURA, 2017).
O
depoimento do senhor Antônio Borges de Moura, aponta que a educação escolar se
dava nas casas das famílias. Isso é perceptível também em uma crônica descrita
pelo poeta e escritor João Bosco da Silva onde ele relata sua experiência
educacional no ano anterior ao nosso recorte temporal:
No verão de 1952 “sofri” minha primeira
experiência escolar: entrei para a escola de Maria de Izaac, que funcionava em
sua própria casa, na antiga Rua das Pedrinhas. Na sala apertada, 15 ou 20
crianças se acotovelavam para ouvir a cantilena: Um Bê com um A = Bê-A-Bá. Um
Bê com um E = Bê-E-Bé. (SILVA, 2010, p. 100).
A
educação em Francisco Santos aos poucos foi se desenvolvendo. No ano de 1958 a
cidade ganhou sua primeira escola sistematicamente organizada. Embora não
houvesse em Francisco Santos prédios escolares, desde essa época os habitantes
já procuravam formas de ter acesso à educação.
No
início dos anos de 1960 a educação escolar na cidade ainda caminhava de forma
lenta, nossas fontes orais apontam que o processo de ensino-aprendizagem era
realizado em casas ou armazéns, como no relato do senhor Antônio Borges de
Moura (2017), analisado anteriormente.
Vejamos
o relato da senhora Rosa Isaura Santos:
Aí estudei num [...] era tipo um armazém que
tinha ali, no tetéu onde hoje é a casa de Maria de Pedoca, estudei com Salete,
na casa de Isabeli de Apolonho, ai depois tinha esse grupo velho, enorme lá
onde hoje é o Cristo Rei, por ali, era enorme esse prédio, lá a gente estudava,
tinha a merenda ainda hoje eu lembro, era leite, ou, nós fazia, aquele leite do
governo era um leite cheiroso, gostoso, com cuscuz, ai eu hoje ainda conto as
histórias, que quando nós estudava, um dia na hora da merenda, a Filomena
ensinava três turmas juntos nesse tempo no salão grande lá. (SANTOS, 2017).
A
educação escolar na década de 1960, como podemos notar, no relato da senhora
Rosa Isaura Santos já começa a se desenvolver. Se nos anos anteriores o
processo educacional era de cunho particular, em 1960 o governo já fornecia
merenda para os alunos, caracterizando-se uma educação de perfil público.
No
ano de 1968 foi erguido em Francisco Santos o primeiro prédio público escolar,
a Unidade Escolar Franco Rodrigues. Antes de 1968, só havia o ensino Primário
quando, os alunos concluíam tinham que fazer o Ginásio em Picos ou em Jaicós.
Os filhos de pais mais pobres ao concluir paravam de estudar, por não ter
condições financeiras para se deslocarem até outra cidade.
O
pedido para se criar o Ginásio em Francisco Santos, segundo a análise
literária, partiu de um agricultor em 1966. Nesse ano o então secretário de
educação, Padre Baldoíno visitava o município e foi surpreendido pelo
agricultor:
Certo dia, o secretário,
Gestor de educação,
Em visita ao município,
Recebeu de um cidadão,
Lavrador desenxabido,
Porém muito pé-no-chão [...].
Um ginásio pra esta terra
Peço pro senhor trazer;
Como aqui só tem primário,
Não preciso lhe dizer
Que o jovem ao conclui-lo,
Fica navios a ver,
Pois ninguém pode botar
Filhos fora pra estudar.
Toda ideia é qual semente
No solo do agricultor.
Se a criação é de Deus,
Deus, então é criador.
Se o pedido de um ginásio
Partiu de um agricultor,
A Carleusa a gratidão
Pela sua instalação. (SILVA, 2013).
No
cordel, acima citado, fica bem explicito que a educação escolar em Francisco
Santos se dava apenas em torno do ensino primário. Ao concluir este os jovens
mais humildes não poderiam avançar em seus estudos. Segundo nossas fontes orais
o secretário de educação não tinha condições de atender ao pedido do agricultor
naquele momento. Contudo, como citado no final do cordel, a então prefeita
Carleusa Santos, cinco anos depois instalou o Ginásio em Francisco Santos, como
nos relata o Senhor João Bosco da Silva:
E o Baldoíno [Secretário Municipal de
Educação de Francisco Santos] respondeu que naquele momento não podia, não
tinha condições, mais a ideia ficou, e Carleusa cinco anos depois conseguiu
criar através da CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade), conseguiu
criar o Ginásio. (SILVA, 2017).
Nos
anos 1960, em Francisco Santos, só tinha a Unidade escolar Franco Rodrigues,
como escola organizada com ensino sistematizado. Somente no ano de 1970 foram
construídas outras escolas, estas na Zona Rural.
Vejamos
o relato da senhora Carleusa Santos:
Em 70 tinha, na cidade o Franco Rodrigues, no
interior tinha no Diogo a escola Alzira Santos que é até uma que já fechou, e
tinha no povoado Boa Viagem [...] na década de 70 só tinha a unidade escolar
Franco Rodrigues na cede, e tinha a escola do Povoado Boa Viagem, José Ramos, e
a escola Alzira Santos, no Diogo. (SANTOS, 2017).
Em
fins dos anos 1960 e começo de 1970 a educação em Francisco Santos começa a
crescer e se desenvolver no que se refere ao número de escolas. Além da escola
na cidade, duas localidades já dispunham de prédios escolares. Os relatos de
nossas fontes orais apontam que na década de 1970 a escola já era mais
organizada e estruturada, já tinha fardamento, prédios próprios, carteiras,
merenda escolar e professores formados.
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