terça-feira, 31 de dezembro de 2013

REDES SOCIAIS

Por João Bosco da Silva.
         
            APÓS A CRIAÇÃO DA INTERNET, 25 ou 30 anos atrás, uma nova modalidade de comunicação instantânea apareceu no mundo, da qual nasceria, anos depois, o que se convencionou chamar REDES SOCIAIS. Invenções de suma importância e de igual repercussão têm causado espanto ao longo da história. Na Antiguidade clássica, apontam-se, dentre outras, a criação do arado e a drenagem dos pântanos, que produziram incalculáveis avanços no desenvolvimento da agricultura. Também a roda, um invento que ocorreu mais por acaso que por esforço consciente da inteligência do homem, significou um passo gigantesco quer para o sistema de transporte quer para as comunicações, posto que as distâncias passaram a ser mais facilmente vencidas, facilitando enormemente a entrega das mercadorias e a chegada das notícias ao seu destino com surpreendente velocidade.

            Mais recentemente, as descobertas da eletricidade, do rádio, da telefonia, da televisão, ao lado dos avanços tecnológicos no campo da química e da física, marcaram o fim de uma Era e o começo de outra, de tão revolucionárias que foram. De uma forma geral, a humanidade tem se beneficiado, direta e indiretamente, das aplicações práticas das descobertas e invenções da ciência em todos os tempos.

            Segundo tese de Alvin Toffler (A Terceira Onda, 1980), a história da humanidade tem se dado em pequenos saltos, mas em ondas cada vez mais curtas. Claro que entre uma onda e outra não há um limite de tempo delineado, posto que acontecimentos históricos não produzem efeitos imediatos. De acordo com essa tese, nós estamos (ou estávamos, à época do lançamento de seu livro) em plena Terceira Onda, vivendo as drásticas transformações oriundas da Revolução Industrial. Em seu livro, ele não destaca pontos específicos do desenvolvimento destas evoluções-revoluções, mas todo um conjunto que põe o dínamo da ciência a funcionar em verdadeiras ebulições, de tal forma que ele já prediz "A morte do industrialismo e o nascimento de uma nova civilização". Seu estudo deve ser levado em conta, bem assim o seu livro anterior - Choque do Futuro -, em que já preconizava drásticas mudanças comportamentais, seja na sociedade como um todo, seja - principalmente - na esfera familiar.

            Nessa sua Terceira Onda, Toffler descreve com riqueza de detalhes todos os acontecimentos mais importantes ocorridos a todos os povos e nações ao longo do tempo. Na Primeira Onda, a morosidade dos principais eventos modificadores demandou milênios para que novos sinais de mudança aparecessem a ponto de alterar significativamente o status quo da sociedade. Já da segunda para a terceira onda, o destaque fica por conta da grande velocidade em que tais transformações ocorreram, tanto assim que o tempo já passou a ser contado em séculos.

            Não apenas Toffler como muitos historiadores, cientistas políticos e outros estudiosos da matéria têm percebido a rapidez dessas mudanças, em vários campos do saber e do fazer humanos. No terreno das comunicações, por volta dos anos 1960, Marshall McLuhan já prenunciava esses avanços, expressos na idéia de uma "Aldeia Global". Para constatação desses avanços, basta um olhar retrospectivo sobre os últimos 500 anos. Alguns falam claramente da rapidez da obsolescência dos inventos produzidos na atualidade. Hoje não se fabricam produtos para durar, mas para serem rapidamente consumidos e descartados. Até as oficinas de conserto estão rareando em face mesmo de avaliações custo-benefício entre o reparo e o descarte puro e simples.

            Não é à toa que as palavras, no campo das ciências, vão ficando velhas, substituídas por outras que designem mais moderna e corretamente o momento que se vive. No tempo das máquinas a vapor, a palavra chave era "mecânica". Ali pelo início da década de 1970, já a palavra da "ordem do dia" da ciência era "automação". Este termo já está cedendo a vez para a nanotecnologia. E assim há de ser neste mundo de rápidas transformações.

            Neste ambiente novo - ou sempre em renovação -, a obsolescência não somente das palavras, mas do instrumental que possibilita tais mudanças, também ocorre. O telégrafo foi uma invenção maravilhosa do fim do século XVIII, assim como a eletricidade, o rádio e, mais recentemente, a televisão. Instrumentos como telex, fax e outros equipos da era da automação são atualmente fórmulas caducas de comunicação. Em seu lugar surgiu a Internet, com o e-mail, o orkut, o facebook, o twitter, o torpedo e outros programas de mensagens que instrumentalizam a instantaneidade das comunicações entre as pessoas. Dentre as milhares de invenções atuais, o celular é um minicomputador que desempenha as mais diversas funções. Há-os tão complexos, que o proprietário tem de contratar um personal treiner para ensiná-lo a operar. Concomitantemente, surgiram os sites e/ou fontes de pesquisas como Google, Yahoo, Wikipedia, Youtube; provedores como Uol, Bol, Hotmail, Gmail, Terra etc.; aparelhos tais quais Notebook, Netbook, Tablet, Smartphone etc. - toda uma   linguagem pós-moderna para designar formas ou meios de comunicação instantânea, deixando na poeira aquilo que há menos de um século era a última palavra em termos de transmissão de dados e informações.
            


            Retornemos, porém, ao nosso tema de abertura: As Redes Sociais ou Os Meios de Comunicação. Para mim, a redes sociais sempre existiram, bem assim os meios de comunicação. O som gutural do Pitecantropus Erectus já se constituía um meio de se comunicar com o outro. Levaria milênios para evoluir para a palavra articulada; outro tanto ou mais, para que os primeiros garranchos ou sinais aparecessem desenhados na pedra. A criação dos primeiros ideogramas data da civilização suméria; o surgimento do primeiro alfabeto demandaria tempo. E, no entanto, os nossos ancestrais transmitiam seus pensamentos e instruções através desses sinais rudimentares.

            Se dermos um salto muito longo na história da evolução, vamos encontrar os indígenas e aborígenes de todos os continentes praticando comunicação através da fumaça, tambores ou mesmo auscultando o chão. A comunicação, entretanto, não apenas se realiza através da palavra. Há todo um gestual, signo ou simbologia que o transmissor emite e o receptor perfeitamente decodifica e interpreta. Vejamos um exemplo disso, nos tempos atuais. Quando qualquer pessoa se depara com outra cuja língua não entende, tenta a comunicação através de gestos. Exemplo: se a pessoa deseja se reportar a si própria, aponta o polegar voltado para seu peito para dizer: EU! Existem certos símbolos e signos que são universais; igualmente algumas expressões. Todo mundo sabe distinguir entre o sorriso e o choro, uma expressão de alegria ou de tristeza. Isso é comunicação. Como Champollion desvendou os hieroglifos egípcios se não comparando os ideogramas encontrados numa barra de argila cozida?

            Com esse pequeno arrazoado, quero provar que as redes sociais e os meios de comunicação nasceram com o próprio homem. Claro que a forma de comunicação do hominídeo diferia bastante da forma atual de nos comunicarmos uns com os outros. Eu tive uma professora de francês que compilou e comparou uma série de canções medievais com as nossas composições de hoje. Provou que a forma de os compositores expressarem seus sentimentos era a mesma; mudavam apenas as palavras. A lira que gemia ao tempo dos trovadores é o mesmo violão que "soluça" nas serestas boêmias atuais.

            Os instrumentos da modernidade - ou da pós-modernidade - estão disponíveis. Aí estão as Redes Sociais à disposição das pessoas. Utilizá-las para o bem ou para o mal depende de cada um, de sua índole, de sua personalidade. O cientista, ao tentar engendrar seus inventos, não se pergunta se ele vai fazer bem ou mal à sociedade. Neste particular, a ciência e o cientista não devem assumir posições, tampouco fazer indagações. Não podemos simplesmente condenar os cientistas que conseguiram desvendar e dominar os segredos do átomo, permitindo a construção da bomba atômica. Não imaginavam que este artefato tão letal seria utilizado como arma de destruição em massa. O nosso Santos Dumont se suicidou ao perceber o mau uso do avião, que ele a tanto custo criara, nas carnificinas da guerra. Merecerá condenação? Tente imaginar o mundo, hoje, sem a aviação...

            As Redes Sociais e os Movimentos de Junho! Um movimento puro, cujos organizadores estavam cheios das melhores intenções. Até conseguiram fazer os Poderes se mexerem. Quanto benefício auferiu a sociedade através do bom uso desse meio de comunicação! Poderia ter ganho mais. Mas, então, vieram os mascarados. E o que aconteceu? Quebra-quebras, vandalismo, depredação do patrimônio público e privado.

            Onde está o mal? Na internet? Seguramente - não!

            Nossa cidade de Francisco Santos possui dois blogs: Blog da Cidade de Francisco Santos e BLOG DA TERRINHA. O primeiro encontra-se um pouco inativo em vista de o seu criador e mantenedor encontrar-se residindo em outra cidade, não lhe podendo dar a devida atenção. O outro, do final de junho para cá - 30.12.13 - tem preenchido seus espaços com matérias jornalísticas do Sul do país. Aqui e ali, um que outro comentário. Apenas a soberba reportagem S.O.S. Rio Riachão, postada em 22.08.13, acompanhada de belíssimos postais fotográficos que mostram muito bem a agonia do nosso Rio, recebeu 27 comentários. E mesmo assim, alguns ofensivos.

            Por que razão ausentaram-se dos dois blogs seus antes assíduos colaboradores? Que é feito dos belos artigos, das notáveis poesias, das boas (e más) notícias trazidas ao conhecimento da comunidade por tão zelosos colaboradores?

            Esses DOIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO são gratuitos. Será que nem isso serve de incentivo a que retornem com a mesma força de outrora? Os conterrâneos que vivem em outras cidades anseiam por notícias. Aliás, eles têm fome e sede de notícias.

            Não preciso dizer o porquê do sumiço dos colaboradores. O couro de muitos ficou grosso de tanto apanhar.

            Não mais digo.

Para inserir um comentário, vá abaixo na palavra "comentários", e deixe sua opinião.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

PARA REFLEXÕES NESTE NATAL

Por João Bosco da Silva


                       P O S T A L

             Rua cheia,
             cheia de gente;
             de mulher bonita,
             cada uma disputando o prêmio da nudez.

             Rua cheia,
             cheia de gente;
             de homens apressados,
             acossados pela trama da sociedade de  consumo:
             - precisam de mais, sempre mais, para o supérfluo.

             Rua cheia,
             cheia de gente;
             de camelôs vendendo por nada um produto barato;
             de bilheteiros vendendo a sorte grande que não vem:
             - a loteria da própria vida.

             Rua cheia,
             cheia de gente;
             em cada esquina, um pedinte,
             em cada quadra, dez ou vinte.
             “Como fede a miséria,
             e como faz vergonha!”

             Rua cheia!
             Mais que de gente, cheia de tentações:
             - anúncios de queimas,
             anúncios de festas,
             anúncios de jogos,
             anúncios de nus - pintados,
                                         coloridos,
                                         berrantes - pequenos e grandes.
             - Estardalhaço  de  o f e r t a s ! ! !

             Na coroação suprema desse ardil comercial,
             além da mensagem subliminar,
             acintosamente permeando a propaganda de todos   os produtos:                                                                           
             - o   s e x o !

             Como se a necessidade de  a m a r
             estivesse intimamente ligada à de   c o n s u m i r .   






A L E G O R I A S   D O   N A T A L

 (O Natal dos Pobres)


                        Natal!
                        Azáfama!
                        Cartões entulhando os guichês do Correio:
                        - amabilidades amáveis,
                          cumprimentos frívolos,
                          votos de Paz e Próspero Ano Novo.

                        Nenhuma emoção no impresso de luxo.

                        Comércio explorando,
                        vendendo o menino-jesus:
                        “Natal de amor,
                         Natal de paz,
                         Natal de tranqüilidade:
                         - compre tudo isto em CIMAIPINTO”.

                        Perus compondo banquetes,
                        cestas e vinhos,
                        árvores coloridas,
                        luzes multicores,
                        pisca-piscas cintilantes!!!

                        Festa,
                        alegria e riso
                        - sapatinhos nas janelas
                          esperando os  presentes de um papai noel de ricos.

                        Do outro lado deste ouropel fantástico,
                        estômagos vazios,
                        pés sem sapatos para receber presentes,
                        pais sem emprego;
                        natal de desespero e de esperança mórbida,
                        para quem a estrela não guiou pastores,
                        e os reis magos não levaram ofertas,
                        e o menino - que não é jesus - chorou de fome
                        e de desilusão por não ter seu brinquedo.

                        E como se não bastasse,
                        a sociedade,
                        numa afronta à dignidade humilhada,
                        criou o “Natal dos Pobres”.





ROSAS  DO  ORVALHO


Por: João Bosco da Silva

                        Às portas dos Postos de Distribuição Gratuita,
                        dos Hospitais,
                        das Autarquias
                        ou dos Gabinetes
                        - Rosas do Orvalho, que a manhã viram nascer em luz! -
                        estão os miseráveis.

                                  
                        Às vezes acontece
                        (que tristeza!)
                        deixarem uma pedra marcando os seus lugares na fila,
                        mal o galo termina sua primeira cantiga da noite.

                        Chega a manhã rindo de sol
                        (eles chegaram com as trevas)
                        mas só bem mais tarde entrarão,
                        por uma porta especial,
                        chefes e atendentes
                        - treinados em relações humanas! -
                        aqueles que em breve os desenganarão com um                                                                                          sorriso.

                        Corações de pedra,
                        ensaiada compaixão na voz,
                        não viram a multidão com a esperança nos olhos,
                        tampouco quererão saber que, algumas horas antes,
                        uma pedra indicava, numa fila sem fim,
                        o lugar daquela Esperança que agora se desvanece
                        ante a resposta fatal:

                        - “Lamento muito... volte no mês que vem”. *

* Hoje, 30 anos depois, esse “volte amanhã” poderá ser no ano que vem. As coisas pioraram muito para essas ROSAS DO ORVALHO. Peçamos por elas!

 

 Para inserir um comentário, vá abaixo na palavra "comentários", e deixe sua opinião.

João Bosco lança Placebo, seu novo livro.

          Como parte das comemorações ao Aniversário de Francisco Santos - PI, João Bosco da Silva lançou o seu mais novo livro. Intitulado Placebo e contendo poesias no formato de cordel, seu livro tem um grande poema já postado neste blog: OS JENIPAPEIRÍADAS. Tem um outro poema intitulado AS HERALDÍADAS, onde trata da problemática da moradia no Brasil. O poema dividido em 03 Atos, no primeiro tópico intitulado No Tempo de "Brasil Grande", tendo como subtema: O sonho da casa própria ou a oitava maravilha do mundo moderno. O Segundo Ato, intitulado No Tempo das "Vacas Magras", seguindo os mesmos moldes do primeiro ato, tem com subtema Casa de Conjunto ou o "Ninho de Pombo" do BNH; No terceiro Ato, intitulado No Tempo da Carestia, tem como subtema Mutuario Inadimplente Ou Vigia do BNH.Também fazem parte deste novo lançamento os versos: Jóia de Estimação, O 'Zebrão", De Como Pinto Violeiro Tornou-se Curandeiro, Catuaba Não é Santo Mas Obra Milagre, Plano Collor(ido), Enganos e no final um pequena galeria de fotos do autor.
          O livro abre com uma homenagem aos grandes cordelistas do passado, mostrando dois versos do famoso poema de Nenem Belchior, o ABC do Boi do Chupeiro; um verso do poema de Sidraque Rodrigues, A Despedida das Canas; cita Vida e Morte de Tancredo, de autoria de Chodó e dois versos de autoria de David Xereta, intitulado Saudade da Terra do Chupeiro.
          Aborda temas que aparentemente alguns poderiam chamar de ultrapassado, pois foram poemas escritos em momentos diferentes de sua vida e que só agora estão sendo publicados. Ele próprio cita no livro e frisou no seu discurso de lançamento, mas alguns destes temas continuam muito atuais, como quando aborda o problema habitacional no Brasil.
          O evento foi realizado no auditório do Colegio Santa Filomena e foi prestigiado por autoridades, familiares, amigos e admiradores desta tão esquecida arte popular. Tinha como organizadores o Ponto de Cultura do munícipio, que tem a direção da professora Elizangela Cipriano e de Ana Carlete. Na abertura dos trabalhos, o Prefeito Edson Carvalho saudou o poeta e agradeceu pelo grande trabalho que vem realizando em prol da sociedade franciscossantense.  A professora Rosa Isaura fez uso da palavra e declamou dois poemas de sua autoria, o mais conhecido deles Francisco Santos É Assim.
 

     
 As fotos que ilustram esta postagem são de autoria de Branco Marinho.


Para inserir um comentário, vá abaixo na palavra "comentários", e deixe sua opiniao.