Por João Bosco da Silva.
APÓS A CRIAÇÃO DA INTERNET, 25 ou 30 anos atrás, uma nova
modalidade de comunicação instantânea apareceu no mundo, da qual nasceria, anos
depois, o que se convencionou chamar REDES SOCIAIS. Invenções de suma
importância e de igual repercussão têm causado espanto ao longo da história. Na
Antiguidade clássica, apontam-se, dentre outras, a criação do arado e a
drenagem dos pântanos, que produziram incalculáveis avanços no desenvolvimento
da agricultura. Também a roda, um invento que ocorreu mais por acaso que por
esforço consciente da inteligência do homem, significou um passo gigantesco
quer para o sistema de transporte quer para as comunicações, posto que as
distâncias passaram a ser mais facilmente vencidas, facilitando enormemente a
entrega das mercadorias e a chegada das notícias ao seu destino com
surpreendente velocidade.
Mais
recentemente, as descobertas da eletricidade, do rádio, da telefonia, da
televisão, ao lado dos avanços tecnológicos no campo da química e da física,
marcaram o fim de uma Era e o começo de outra, de tão revolucionárias que
foram. De uma forma geral, a humanidade tem se beneficiado, direta e
indiretamente, das aplicações práticas das descobertas e invenções da ciência
em todos os tempos.
Segundo
tese de Alvin Toffler (A Terceira Onda, 1980), a história da humanidade tem se
dado em pequenos saltos, mas em ondas cada vez mais curtas. Claro que entre uma
onda e outra não há um limite de tempo delineado, posto que acontecimentos
históricos não produzem efeitos imediatos. De acordo com essa tese, nós estamos
(ou estávamos, à época do lançamento de seu livro) em plena Terceira Onda,
vivendo as drásticas transformações oriundas da Revolução Industrial. Em seu
livro, ele não destaca pontos específicos do desenvolvimento destas
evoluções-revoluções, mas todo um conjunto que põe o dínamo da ciência a
funcionar em verdadeiras ebulições, de tal forma que ele já prediz "A
morte do industrialismo e o nascimento de uma nova civilização". Seu
estudo deve ser levado em conta, bem assim o seu livro anterior - Choque do
Futuro -, em que já preconizava drásticas mudanças comportamentais, seja na
sociedade como um todo, seja - principalmente - na esfera familiar.
Nessa
sua Terceira Onda, Toffler descreve com riqueza de detalhes todos os
acontecimentos mais importantes ocorridos a todos os povos e nações ao longo do
tempo. Na Primeira Onda, a morosidade dos principais eventos modificadores
demandou milênios para que novos sinais de mudança aparecessem a ponto de
alterar significativamente o status quo da sociedade. Já da segunda para a terceira
onda, o destaque fica por conta da grande velocidade em que tais transformações
ocorreram, tanto assim que o tempo já passou a ser contado em séculos.
Não
apenas Toffler como muitos historiadores, cientistas políticos e outros
estudiosos da matéria têm percebido a rapidez dessas mudanças, em vários campos
do saber e do fazer humanos. No terreno das comunicações, por volta dos anos
1960, Marshall McLuhan já prenunciava esses avanços, expressos na idéia de uma
"Aldeia Global". Para constatação desses avanços, basta um olhar
retrospectivo sobre os últimos 500 anos. Alguns falam claramente da rapidez da
obsolescência dos inventos produzidos na atualidade. Hoje não se fabricam
produtos para durar, mas para serem rapidamente consumidos e descartados. Até
as oficinas de conserto estão rareando em face mesmo de avaliações
custo-benefício entre o reparo e o descarte puro e simples.
Não é à
toa que as palavras, no campo das ciências, vão ficando velhas, substituídas
por outras que designem mais moderna e corretamente o momento que se vive. No
tempo das máquinas a vapor, a palavra chave era "mecânica". Ali pelo
início da década de 1970, já a palavra da "ordem do dia" da ciência
era "automação". Este termo já está cedendo a vez para a nanotecnologia.
E assim há de ser neste mundo de rápidas transformações.
Neste
ambiente novo - ou sempre em renovação -, a obsolescência não somente das
palavras, mas do instrumental que possibilita tais mudanças, também ocorre. O
telégrafo foi uma invenção maravilhosa do fim do século XVIII, assim como a
eletricidade, o rádio e, mais recentemente, a televisão. Instrumentos como
telex, fax e outros equipos da era da automação são atualmente fórmulas caducas
de comunicação. Em seu lugar surgiu a Internet, com o e-mail, o orkut, o
facebook, o twitter, o torpedo e outros programas de mensagens que
instrumentalizam a instantaneidade das comunicações entre as pessoas. Dentre as
milhares de invenções atuais, o celular é um minicomputador que desempenha as mais
diversas funções. Há-os tão complexos, que o proprietário tem de contratar um
personal treiner para ensiná-lo a operar. Concomitantemente, surgiram os sites
e/ou fontes de pesquisas como Google, Yahoo, Wikipedia, Youtube; provedores
como Uol, Bol, Hotmail, Gmail, Terra etc.; aparelhos tais quais Notebook,
Netbook, Tablet, Smartphone etc. - toda uma
linguagem pós-moderna para designar formas ou meios de comunicação
instantânea, deixando na poeira aquilo que há menos de um século era a última
palavra em termos de transmissão de dados e informações.
Retornemos, porém, ao nosso tema de abertura: As Redes Sociais ou Os
Meios de Comunicação. Para mim, a redes sociais sempre existiram, bem assim os
meios de comunicação. O som gutural do Pitecantropus Erectus já se constituía
um meio de se comunicar com o outro. Levaria milênios para evoluir para a
palavra articulada; outro tanto ou mais, para que os primeiros garranchos ou
sinais aparecessem desenhados na pedra. A criação dos primeiros ideogramas data
da civilização suméria; o surgimento do primeiro alfabeto demandaria tempo. E,
no entanto, os nossos ancestrais transmitiam seus pensamentos e instruções
através desses sinais rudimentares.
Se
dermos um salto muito longo na história da evolução, vamos encontrar os
indígenas e aborígenes de todos os continentes praticando comunicação através
da fumaça, tambores ou mesmo auscultando o chão. A comunicação, entretanto, não
apenas se realiza através da palavra. Há todo um gestual, signo ou simbologia
que o transmissor emite e o receptor perfeitamente decodifica e interpreta.
Vejamos um exemplo disso, nos tempos atuais. Quando qualquer pessoa se depara
com outra cuja língua não entende, tenta a comunicação através de gestos.
Exemplo: se a pessoa deseja se reportar a si própria, aponta o polegar voltado
para seu peito para dizer: EU! Existem certos símbolos e signos que são
universais; igualmente algumas expressões. Todo mundo sabe distinguir entre o
sorriso e o choro, uma expressão de alegria ou de tristeza. Isso é comunicação.
Como Champollion desvendou os hieroglifos egípcios se não comparando os
ideogramas encontrados numa barra de argila cozida?
Com
esse pequeno arrazoado, quero provar que as redes sociais e os meios de
comunicação nasceram com o próprio homem. Claro que a forma de comunicação do
hominídeo diferia bastante da forma atual de nos comunicarmos uns com os
outros. Eu tive uma professora de francês que compilou e comparou uma série de
canções medievais com as nossas composições de hoje. Provou que a forma de os
compositores expressarem seus sentimentos era a mesma; mudavam apenas as
palavras. A lira que gemia ao tempo dos trovadores é o mesmo violão que
"soluça" nas serestas boêmias atuais.
Os instrumentos
da modernidade - ou da pós-modernidade - estão disponíveis. Aí estão as Redes
Sociais à disposição das pessoas. Utilizá-las para o bem ou para o mal depende
de cada um, de sua índole, de sua personalidade. O cientista, ao tentar
engendrar seus inventos, não se pergunta se ele vai fazer bem ou mal à
sociedade. Neste particular, a ciência e o cientista não devem assumir
posições, tampouco fazer indagações. Não podemos simplesmente condenar os
cientistas que conseguiram desvendar e dominar os segredos do átomo, permitindo
a construção da bomba atômica. Não imaginavam que este artefato tão letal seria
utilizado como arma de destruição em massa. O nosso Santos Dumont se suicidou
ao perceber o mau uso do avião, que ele a tanto custo criara, nas carnificinas
da guerra. Merecerá condenação? Tente imaginar o mundo, hoje, sem a aviação...
As
Redes Sociais e os Movimentos de Junho! Um movimento puro, cujos organizadores
estavam cheios das melhores intenções. Até conseguiram fazer os Poderes se mexerem.
Quanto benefício auferiu a sociedade através do bom uso desse meio de
comunicação! Poderia ter ganho mais. Mas, então, vieram os mascarados. E o que
aconteceu? Quebra-quebras, vandalismo, depredação do patrimônio público e
privado.
Onde está
o mal? Na internet? Seguramente - não!
Nossa
cidade de Francisco Santos possui dois blogs: Blog da Cidade de Francisco
Santos e BLOG DA TERRINHA. O primeiro encontra-se um pouco inativo em vista de
o seu criador e mantenedor encontrar-se residindo em outra cidade, não lhe
podendo dar a devida atenção. O outro, do final de junho para cá - 30.12.13 -
tem preenchido seus espaços com matérias jornalísticas do Sul do país. Aqui e
ali, um que outro comentário. Apenas a soberba reportagem S.O.S. Rio Riachão,
postada em 22.08.13, acompanhada de belíssimos postais fotográficos que mostram
muito bem a agonia do nosso Rio, recebeu 27 comentários. E mesmo assim, alguns
ofensivos.
Por que
razão ausentaram-se dos dois blogs seus antes assíduos colaboradores? Que é
feito dos belos artigos, das notáveis poesias, das boas (e más) notícias
trazidas ao conhecimento da comunidade por tão zelosos colaboradores?
Esses
DOIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO são gratuitos. Será que nem isso serve de incentivo a
que retornem com a mesma força de outrora? Os conterrâneos que vivem em outras
cidades anseiam por notícias. Aliás, eles têm fome e sede de notícias.
Não
preciso dizer o porquê do sumiço dos colaboradores. O couro de muitos ficou
grosso de tanto apanhar.
Não
mais digo.
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