domingo, 19 de janeiro de 2014

Conspiração, teoria e prática


                   "Teoria da conspiração" tornou-se uma espécie de mantra para banir qualquer avaliação mais profunda da conjuntura política. O termo é invocado mesmo quando já se está diante não de uma tese, mas da própria prática conspirativa.
           Os fatos estão aí: há um projeto em curso, que pretende restringir e relativizar a propriedade privada e a economia de mercado. Em suma, o Estado democrático de Direito. O setor rural é o mais visado.
           Usa-se o pretexto da crise social para invasões criminosas a propriedades produtivas: sem-terra, quilombolas e índios têm sido a massa de manobra, incentivada por ativistas, que, no entanto, não querem banir a pobreza.
           Servem-se dela para combater a livre iniciativa e estatizar a produção rural. Espalham terror nas fazendas e, por meio de propaganda, acolhida pela mídia nacional, transformam a vítima em vilão. Nos meios acadêmicos, tem-se o produtor rural como personagem vil, egoísta, escravagista, predador ambiental, despojado de qualquer resquício humanitário ou mesmo civilizatório.
           No entanto, é esse "monstro" que garante há anos à população o melhor e mais barato alimento do mundo, o superavit da balança comercial e a geração de emprego e renda no campo.
           Nada menos que um terço dos empregos formais do país está no meio rural, que, não tenham dúvida, prepara uma nova geração de brasileiros, apta a graduar o desenvolvimento nacional.
           Enfrenta, no entanto, a ação conspirativa desestabilizadora, que infunde medo e insegurança jurídica, reduzindo investimentos e gerando violência, que expõe não os ativistas, mas sua massa de manobra, os inocentes úteis já mencionados.
           Vejamos a questão indígena: alega-se que os índios precisam de mais terras. Ocorre que eles -cerca de 800 mil, sendo 500 mil aldeados- dispõem de mais território que os demais 200 milhões de compatriotas. Enquanto estes habitam 11% do território, os índios dispõem de 13%. Não significa que estejam bem, mas que carecem não de terras, e sim de assistência do Estado, que lhes permita ascender socialmente, como qualquer ser humano.
           Mas os antropólogos que dirigem a Funai não estão interessados no índio como cidadão, e sim como figura simbólica. Há o índio real e o da Funai, em nome do qual os antropólogos erguem bandeiras anacrônicas, querendo que, no presente, imponham-se compensações por atos de três, quatro séculos atrás.
           O brasileiro índio do tempo de Pedro Álvares Cabral não é o de hoje, que, mesmo em aldeias, não se sente exclusivamente um ente da floresta, mas também um homem do seu tempo, com as mesmas aspirações dos demais brasileiros.
           Imagine-se se os franceses de ascendência normanda fossem obrigados pelos de descendência gaulesa a deixar o país, para compensar invasões ocorridas na Idade Média. Ou os descendentes de mouros fossem obrigados a deixar a Península Ibérica, que invadiram e dominaram por oito séculos.
           A história humana foi marcada por embates, invasões e violência. O processo civilizatório consiste em superar esses estágios primitivos pela integração. O Brasil é um caudal de raças e culturas, em que o índio, o negro e o europeu formam um DNA comum, ao lado de imigrantes mais tardios, como os japoneses.
           Querer racializar o processo social, mais que uma heresia, é um disparate; é como cortar o rabo do cachorro e afirmar que o rabo é uma coisa e o cachorro outra.
           A sociedade brasileira está sendo artificialmente desunida e segmentada em negros, índios, feministas, gays, ambientalistas e assim por diante. Em torno de cada um desses grupos aglutinam-se milhares de ONGs, semeando o sentimento de que cada qual padece de injustiças, que têm que ser cobradas do conjunto da sociedade.
           Que país pretendem construir? Não tenham dúvida: um país em que o Estado, com seu poder de coerção, seja a única instância capaz de deter os conflitos que ele mesmo produz; um Estado arbitrário, na contramão dos fundamentos da democracia. Não é teoria da conspiração. É o que está aí. 

Kátia Abreu é senadora(PMDB-TO)

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FARDO LEVE




          João Bosco da Silva ficou ausente de Francisco Santos por aproximadamente 40 anos, segundo sua própria contabilidade.  Mas esta sua ausência tem sido compensada com uma presença constante nos últimos tempos, também pela enorme contribuição que vem dando ao povo de nossa terra através dos seus livros, mas principalmente, pela luta diária que tem travado pela preservação da nossa cultura, da nossa história.

          Conheci JBS através dos seus livros, li também algumas coisas publicadas num blog que ele tem na internet.  E esta nossa relação blogueiro/colaborador, foi evoluindo e hoje posso afirmar que temos uma relação de grande cumplicidade, portanto, de estreita amizade. Uma amizade que muito me honra.

          Quando começo a fraquejar e a pensar em desistir de continuar com este modesto blog, lá vem João Bosco e generosamente nos dá uma injeção de animo. Propõe-se a colaborar mais uma vez e daí que renovam as minhas esperanças.

          Temos tido uma comunicação, se não diária, mas muito freqüente. E dia desses, numa conversa informal, ele comentando das dificuldades em publicar um livro, pois despendia muito esforço mental, físico e principalmente, financeiro. Relembrou de uma viagem que fez a Brasilia-DF e que estando lá foi muito bem recepcionado pelos conterrâneos e amigos João Erismá de Moura e José Carmo Filho, que se dispuseram a colaborar com sua estadia em Brasília. Num dia, José Carmo o levou a alguns compromissos sociais e no outro Erismá fez coisa semelhante. Deixando agendado que nos dias seguintes se encontrariam para novas visitas a conterrâneos e amigos de Francisco Santos que residem em Brasília. E não é que o nosso poeta faltou com os conterrâneos? Ele, singelamente, disse-me que não iria abusar da hospitalidade dos conterrâneos, que agradecia a atenção, mas entendia que a amizade não devia ser um fardo pesado.

         Bem meus amigos, este é João Bosco da Silva, filho do Velho Loura, que vem honrando o nome do pai e nos premiando, com sua obra, sua simplicidade e sua genialidade.



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