terça-feira, 25 de novembro de 2014

Minhas Poesias


Homenagem à cidade de Francisco Santos

Passei de 50 anos 
De história e de vivência 
Nesse chão onde nasci 
Tem-se muita inteligência.

No espaço onde cresci 
A arte também cresceu 
O repente e a poesia 
No meu chão apareceu.

Sempre acolho com carinho 
Todos que vem me ver 
Estou de braços abertos 
Para a todos acolher.

Sou uma terra de fé 
Sou uma terra de encantos 
Eu sou cidade querida
Meu nome é Francisco Santos.

Francisco Santos me atrai

Francisco Santos me atrai
Por ter fé e devoção
Nosso povo é persistente
No poder da oração.

Francisco Santos me atrai
Por sua arte popular
E também por sua gente
Que não cansa de lutar.

Francisco Santos me atrai
Por seu povo acolhedor
No olhar temos sorriso
E no peito muito amor.

Francisco Santos me atrai
Aqui plantei minha vida
E com muito orgulho eu digo:
Te amo oh! Terra querida.


Minha cidade

Todos tem grande carinho
Por sua terra natal
Comigo não é diferente
Sou como qualquer mortal.

Francisco Santos meu lar
Minha cidade querida
Nessa terra abençoada
Eu plantei a minha vida.

Eu vejo a minha cidade
Com os olhos do coração
Falar em Francisco Santos
Causa em mim grande emoção.

Minha cidade é pequena
Porém, é cheia de encanto.
Nosso povo com carinho
Chama-a de Xico Santo.

Eu amo a minha cidade
Por ela eu tenho afeição
Defendo com muito orgulho
Minha terra é meu chão.

Piauí, minha terra querida

Lá do norte ao sul do Brasil
Não há paz nem amor como aqui
Terra filha do sol do equador
A qual chamo de meu Piauí.

Violenta batalha se deu
Para a gente ganhar liberdade
Piauí, minha terra querida.
De você é minha lealdade.

Nova Iorque, Paris, Istambul.
Não te troco por outro lugar
Piauí, minha terra querida.
É aqui que eu quero morar.

Minha terra, meu berço de vida
Me orgulho de ti Piauí
Dos lugares desse mundo imenso
Meu amor só pertence a ti.

As águas do Rio Parnaíba
Enriquecem muito nosso chão
Piauí, minha terra querida.
Eu te amo de todo coração.

Nessa terra plantei meu passado
Nessa terra colherei o futuro
Piauí, minha terra querida.
Meu amor por você é o mais puro.

Sou feliz por ser um nordestino
E viver aqui no Piauí
Nessa terra de tantas belezas
Quem conhece não esquece daqui.

Te exalto com muito orgulho
Eu não tenho vergonha de ti
És minha alma, meu berço, meu sangue
És pra sempre o meu Piauí.


A voz do sertão

Quando vejo terra seca
Me aperta o coração
Vejo a fome vejo a sede
Tomar conta do sertão.

A lavoura já plantada
O sol quente destruiu
E a pobre asa branca
Para longe ela partiu.

Vivo dias de esperança
Na certeza de um dia
Esperando cair chuva
Pra curar essa agonia.

Tenha dó de nós meu Deus
Mande chuva pro sertão
Pra molhar a nossa terra
E curar essa aflição.

Tenha dó dos animais
Ó meu Deus ó meu Senhor
Pois sem chuva não há vida
Só há lágrimas e dor.

Essa voz vem do sertão
E descreve o padecer
O clamor do nordestino
Seu lamento seu sofrer.
     

Cleovan Sousa, estudante do terceiro período do curso Licenciatura Plena em História na Universidade Federal do Piaui, Campus de Picos. Com vocação para a poesia, já escreveu inúmeros poemas e sonha publicar seu livro. De grande religiosidade, vem participando ativamente de todos os movimentos da Igreja Católica, tendo viabilizado a construção de uma Igreja Capela na comunidade Santa Helena.



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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Apocalipse, agora.


          Passada uma semana do juízo final, ainda me pergunto cadê a Dilma. Ela disse que as contas públicas estavam sob controle e elas aparecem com imenso rombo. Como superar essa traição da aritmética? Uma lei que altere as regras. A partir de hoje, dois e dois são cinco, revogam-se as disposições em contrário.

          Os sonhos de hegemonia do PT invadem a matemática, como Lysenko invadiu a biologia nos anos 30 na Rússia, decretando que a genética era uma ciência burguesa. A diferença é que lá matavam os cientistas. Aqui tenho toda a liberdade para dizer que mentem.

          Cadê você, Dilma? Disse que o desmatamento na Amazônia estava sob controle e desaba sobre nós o aumento de 122% no mês de outubro. Por mais cética que possa ser, você vai acabar encontrando um elo entre o desmatamento na Amazônia e a seca no Sudeste.

          Cadê você, Dilma? Atacou Marina porque sua colaboradora em educação era da família de banqueiros; atacou Aécio porque indicou um homem do mercado, dos mais talentosos, para ministro da Fazenda. E hoje você procura com uma lanterna alguém do mercado que assuma o ministério.

          Podia parar por aqui. Mas sua declaração na Austrália sobre a prisão dos empreiteiros foi fantástica. O Brasil vai mudar, não é mais como no passado, quando se fazia vista grossa para a corrupção. Não se lembrou de que seu governo bombardeou a CPI. Nem que a Petrobrás fez um inquérito vazio sobre corrupção na compra de plataformas. A SBM holandesa confessou que gastou US$ 139 milhões em propina.

          E Pasadena, companheira?

          O PT está aí há 12 anos. Lula vez vista grossa para a corrupção? Se você quer definir uma diferença, não se esqueça de que o homem do PT na Petrobrás foi preso. Ele é amigo do tesoureiro do PT. A cunhada do tesoureiro do PT foi levada a depor porque recebeu grana em seu apartamento em São Paulo.

          De que passado você fala, Dilma? Como acha que vai conseguir se desvencilhar dele? A grana de suas campanhas foi um maná que caiu dos céus?

          Um dos traços do PT é sempre criar uma versão vitoriosa para suas trapalhadas. José Dirceu ergueu o punho cerrado, entrando na prisão, como se fosse o herói de uma nobre resistência. Se Dilma e Lula, por acaso, um dia forem presos, certamente, dirão: nunca antes neste país um presidente determinou que prendessem a si próprio.

          Embora fosse um fruto do movimento de arte moderna no Brasil, Macunaíma é um herói pós-moderno. Ele se move com desenvoltura num universo onde as versões predominam sobre as evidências. Nesta primeira semana do juízo final, pressinto a possibilidade de uma volta ao realismo. É muito aflitivo ver o País nessa situação, enquanto robôs pousam em cometas e EUA e China concordam em reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O realismo precisa chegar rápido para a equação, pelo menos, de dois problemas urgentes: água e energia. Lobão é o ministro da energia e foi citado no escândalo. Com perdão da rima, paira sobre o Lobão a espada do petrolão. Como é que um homem desses pode enfrentar os desafios modernos da energia, sobretudo a autoprodução por fontes renováveis?

          Grandes obras ainda são necessárias. Mas enquanto houver gente querendo abarcar o mundo a partir das estatais, empreiteiras pautando os projetos, como foi o caso da Petrobrás, vamos patinar. O mesmo vale para o saneamento, que pode ser feito também por pequenas iniciativas e técnicas, adequadas ao lugar.

          Os homens das empreiteiras foram presos no dia do juízo final. Este pode ser um caminho não apenas para mudar a política no Brasil, mas mudar também o planejamento. A crise hídrica mostra como o mundo girou e a gente ficou no mesmo lugar. Existe planejamento, mas baseado em regularidades que estão indo água abaixo com as mudanças climáticas.

          O dia do juízo final não foi o último dia da vida. É preciso que isso avance rápido porque um ano de dificuldades nos espera. Não adianta Dilma dizer que toda a sua política foi para manter o emprego. Em outubro, tenho 30.283 razões para desmentir sua fala de campanha: postos de trabalho perdidos no período.

          Não será derrubando a aritmética, driblando os fatos que o governo conseguirá sair do seu labirinto. O desejo de controlar a realidade se estende ao controle da própria oposição. O ministro da Justiça dá entrevista para dizer como a oposição se deve comportar diante do maior escândalo da História. Se depois de saquear a Petrobrás um governo adversário aconselhasse ao mais ingênuo dos petistas como se comportar, ele riria na cara do interlocutor. Só não rio mais porque ando preocupado. Essa mistura de preocupação e riso me faz sentir personagem de uma tragicomédia.

          Em 2003, disse que o PT tinha morrido como símbolo de renovação. Me enganei. O PT morreu muitas vezes mais. Tenho de recorrer ao Livro Tibetano dos Mortos, que aconselha a seguir o caminho depois da morte, sem apego, em busca da reencarnação. Em termos políticos, seria render-se à evidência de que saqueou a Petrobrás, comprou, de novo, a base aliada e mergulhar numa profunda reflexão autocrítica. No momento, negam tudo, mas isso o Livro Tibetano também prevê: o apego à vida passada é muito comum. Certas almas não vão embora fácil.

          A crise é um excelente psicodrama: o ceticismo político, a engrenagem que liga governo a empreiteiras, o desprezo pelas evidências, tudo isso vira material didático.

          Dizem que Dilma vive uma tempestade perfeita com a conjunção de tantos fatores negativos. Navegar num tempo assim, só com o preciso conhecimento que o velho Zé do Peixe tinha da costa de Aracaju, pedra por pedra, corrente por corrente.

          No mar revolto, sob a tempestade, os raios e trovões não obedecem aos marqueteiros. Por que obedeceriam?

          O ministro da Justiça vê o incômodo de um terceiro turno. Não haverá terceiro turno, e, sim, terceiro ato. E ato final de uma peça de teatro é, quase sempre, aquele em que os personagens se revelam. Por que esses olhos tão grandes? Por que esse nariz tão grande, as mãos tão grandes, vovozinha?


Fernando Gabeira é jornalista, escritor e político brasileiro. Nascido      em Minas Gerais e radicado no Rio de Janeiro, foi Deputado Federal por quatro mandatos, também foi candidato a Presidencia da República em 1989.


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terça-feira, 11 de novembro de 2014

O ÚLTIMO A CAIR

           Sei que não sou o único a pensar assim, mas é por que eu, pessoalmente, não encontrei, até agora, nenhuma explicação que justifique a proporcionalidade e a interatividade entre mim, quando criança, e a nossa chapada, mais especificamente com grandes árvores como: a “Oiticica de Batista”, que ficava à margem esquerda do rio, na passagem da igreja; o enorme Pé de Tamarindo (ficava no quintal da casa do meu bisavô, Licínio Pereira); o Pé de Braúna que reinou por muito tempo no Curral Novo; a mais conhecida de todas, a grande Gameleira, apensa à Pedra do Urubu, que se avistava de qualquer lugar da cidade; e o pé de Pau D’arco, como todas as já mencionadas que antes eu achava enormes e, hoje, não as vejo tão grandes assim, levando em consideração que apesar de ter crescido, não foi tanto que justifique tamanha diferença.
          O Pau D’arco, porém, não era, aos nossos olhos curiosos de criança, simplesmente uma árvore, pois ele tinha vida própria, era um ser soberano, e, como eu disse, majestoso, exuberante, secular, que reinava revolucionariamente no meio do caminho que dava para o Barreiro.Trago nas minhas reminiscências impressões profundas sobre “o pé de Pau D’arco” incrustado onde o caminho se abria em forma de um ipsilon, cujo braço esquerdo dava para o Recanto, propriedade de seu Toin Lima e filhos; e pelo braço direito seguia-se para o Barreiro e Santa Helena. Era uma árvore que impunha muito respeito aos que por lá passavam. Acredito que todas as outras árvores lhe rendiam homenagem e até os animais se curvavam perante tamanha nobreza. Era muito comum, naquela época, ouvir-se estórias de visagem, vistas por lá para quem se atrevesse passar sozinho depois da meia noite. Apesar de que muitas visagens, fenômenos inexplicáveis, também costumavam acontecer durante o dia e até, muitas vezes, para quem andava acompanhado.
          Lembro-me, e passo a relatar o caso de duas primas, uma das quais morava no Barreiro e a outra na metade do caminho, cujas identidades não posso revelar, pois não tenho autorização para tal, elas, porém, poderão identificar-se, ao tomar conhecimento desta publicação, se for de suas vontades, confirmando assim os fatos narrados a seguir. Era aproximadamente meio dia quando as meninas se dirigiam a pé à escola, que ficava na cidade a seis km de distância. Tudo corria naturalmente, como de costume, pois era praxe fazerem esse percurso diariamente. Neste dia, porém, ao aproximarem-se do Pau D’arco perceberam um som estranho e, ao avistá-lo, notaram que ao lado do tronco estava um homem, todo de branco, batendo com um objeto não identificado, em uma protuberância, que ainda hoje se vê, abaixo da metade do tronco do Pau D’arco. Tudo normal se o referido homem não medisse mais de três metros de altura. As meninas, coitadas, voltaram em desabalada carreira,  quase sem fôlego, tremendo de medo, relataram aos pais o ocorrido. Seguimos, mais do que imediatamente, para o local, onde, é claro, nada constatamos. E as meninas nunca mais tiveram a coragem de passar por aquele lugar. 
          Outro caso, bastante conhecido, aconteceu com o Tio que vinha da cidade,em seu jumentinho, no sentido cidade Barreiro e, ao aproximar-se do Pau D”arco, bem na bifurcação, no braço esquerdo do caminho avistou um vaqueiro, todo paramentado, tocando uma boiada, era, aproximadamente, cinco e meia da tarde, e para não atrapalhar a passagem dos animais, deu a volta numa moita branca e lá ficou aguardando a boiada passar. Acontece que a boiada nunca chegava debaixo do Pau D’arco, vinha... vinha... e nunca chegava. Mais do que assustado, ele saltou do jumento, e saiu em desabalada carreira e só parou quando chegou ao Barreiro, tão assustado e cansado, que naquele momento não teve condições de relatar o acontecimento, só depois de um certo tempo ficamos sabendo.
          Este aconteceu com um trabalhador de uma desmancha que ocorrera na Santa Helena. A função de forneiro exigia sua permanência por mais tempo no local de trabalho e ele só conseguiu deixá-lo depois das dez horas da noite e isto o obrigou a passar pelo pé de Pau D’arco, justamente, à meia noite. Ele conta que ao se aproximar do braço esquerdo do ípsilon do caminho, ao fazer uma curva que o deixava a apenas cem metros do tronco, avistou um homem todo de branco, com um machado na mão cortando-o bem no pé do tronco. Achou o fato muito estranho, ainda mais porque embaixo do Pau D’arco, onde deveria estar mais escuro, percebia-se uma luminosidade diferente. Mas como ele não tinha nada a ver com aquilo, pois a árvore não era dele, o caminho não era dele, nada ali era de sua propriedade, achou melhor fazer vista grossa e, para não atrapalhar o trabalho do estranho, em uma hora mais do que imprópria, fez um contornou a árvore saindo uns cem metros lá na frente, bem na hora em que o velho Pau D’arco tombava sobre as outras árvores menores, deixando um clarão e fechando o caminho nos dois sentidos. Ao chegar à cidade comentou o que tinha acontecido deixando muitos de nós entristecidos, perplexos e pensativos: quem seria capaz de praticar tamanha barbárie? O pior, ou talvez, o melhor estava por vir. No dia seguinte constatamos que o velho Pau D’arco encontrava-se, de pé, intacto, sem nem um arranhão, até hoje sem nenhuma explicação Plausível. 
          O tempo passou, eu cresci, e nunca mais passei por aquele caminho. E, há mais de trinta anos, eu via aquela árvore. Por motivos que a própria razão desconhece, por que, jamais eu esquecera, pois o velho Pau D’arco era como o meu saudoso Pai nobre, soberano, inesquecível.
          Desta vez, ao visitar o Barreiro, numa noite de muito calor fiquei relembrando meu Pai e tentando declamar umas estrofes de um verso triste de Fagundes Varela:
Eu amo a noite.
Eu amo a noite quando deixa os montes
Bela, mas bela de um horror sublime
E sobre a face dos desertos quedos
Seu régio selo de mistério imprime
Amo os lampejos, verde-azul, funéreos
Que às horas mortas erguem-se da terra,
E enchem de susto o viajante incauto
No cemitério de sombria serra
Eu amo a noite com seu manto escuro 
De tristes goivos coroada a fonte
Amo a neblina, que pairando ondeia 
Sobre o fastígio de elevado monte
Amo nas plantas, que na tumba crescem
De errante brisa o funeral cicio;
porque minh'alma, como a noite, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio
Amo o silêncio, os areais extensos,
Os vastos brejos e os sertões sem dia
Porque meu seio como a sombra é triste
Porque minh'alma é de ilusões vazia
Amo o furor do vendaval que ruge
Das asas densas sacudindo estrago
Silvos de bala, turbilhões de fumo
Tribos de corvos em sangrento lago
Amo ao silêncio do ervaçal partido
Da ave noturna o funerário pio
Porque minh'alma, como a noite, é triste,
Porque meu seio é de ilusões vazio
Amo a tormenta, o prepassar dos ventos
A voz da morte no fatal parcel;
Porque minh'alma só traduz tristeza,
Porque meu seio se abrevou de fel
Amo o corisco que deixando a nuvem
O cedro parte da montanha, erguido,
Amo do sino, que por morto soa,
O triste dobre n'amplidão perdido
Amo na vida de miséria e lodo,
Das desventuras o maldito selo,
Porque minh'alma se manchou de escárnios,
Porque meu seio se cobriu de gelo
Amo do nauta o doloroso grito
Em frágil prancha sobre mar de horrores
Porque meu seio se tornou de pedra,
Porque minh'alma descorou de dores
Como a criança, do viver nas veigas
Gastei meus dias namorando as flores
Finos espinhos os meus pés rasgaram
Pisei-os ébrio de ilusões e amores
Tenho um deserto de amargura n'alma
Mas nunca a fronte curvarei por terra
Tremo de dores ao tocar nas chagas
Nas vivas chagas que meu peito encerra
A paz, o amor, a quietação, o riso
A meus olhares não têm mais encanto,
Porque minh'alma se despiu de crenças
E do sarcasmo se embuçou no manto
          Na, tristeza destes versos, voltei ao passado e lembrei-me do velho Pau D’arco e logo ao amanhecer do dia seguinte perguntei a Paulo, meu irmão, o que fora feito da velha árvore, quando ele me respondeu: - Está no mesmo lugar. Só não existe mais o caminho para chegar até ela. Exclamei impaciente: hoje mesmo quero vê-la! E, no mesmo dia, ao cair da tarde, estávamos nós, meu irmão e eu, debaixo do velho Pau D’arco. Ao percebê-lo seco, sem folhas, já sem vida, tive a sensação que ele me aguardava por todos esses longos anos, para depois sucumbir. Fui acometido de uma tristeza sem precedentes, uma inquietação estranha, não sabia o que esperar o que fazer. Foi então que resolvi tirar uma foto, para guardar comigo, como última lembrança, pois sabia que não tardaria a cair e, desta vez, para sempre a velha árvore. Como me encontrava em um estado de letargia, não tenho como explicar, tirei apenas uma foto no meu celular e voltei pra casa, pesaroso, pensativo, ainda meio estranho.
          Já em casa, lá pelas sete da noite, já bastante refeito e conformado com o que ocorreu, fui olhar como tinha ficado a foto, que ficara arquivada no meu celular. Não acreditei no que vi! No lado esquerdo do Pau D’arco, via-se claramente, encostada no tronco, a cabeça de um ser humano. Quase que em desespero, mais ainda controlando a ansiedade e o medo, gritei por Paulo, que prontamente me atendeu, mostrando-lhe a foto perguntei o que ele via e ele me disse: – A cabeça de uma pessoa e eu sei quem é. A exclamação foi forte demais para mim, perturbado fiz o que jamais deveria ter feito deletei a foto.
          No dia seguinte, sob o feito dos raios do sol e refeito do que se passara no dia anterior, decidi voltar ao velho Pau D’arco e nas mesmas condições de temperatura, no mesmo horário e pelo mesmo ângulo e outros tantos mais tiramos mais de trinta fotografias, no entanto nada aconteceu. O respeito que me impõe os mistérios da natureza, o místico, o desconhecido, perdi a oportunidade de preservar um material muito importante para a análise de especialistas que pudessem explicar o que foi que eu vi. Outra oportunidade é improvável, pois, o Velho Pau D’arco está morto.
   
Por José Joel Rodrigues dos Santos(ZéJoel). Filho de Francisco Santos, reside em Macapá no Estado do Amapá. Em outra postagem do blog(QUEM LUTA VENCE), fizemos uma pequena biografia do autor. Veja também a postagem com o poema "DUAS VIDAS". Veja postagem (AMOR PROIBIDO). Tem um livro publicado, intitulado "Barreiro: as primeiras águas" e continua escrevendo em verso e prosa. Tem colaborado com o nosso blog com certa regularidade. 




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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SONETO DOS SETENTA


HOJE ATINGI A CASA DOS SETENTA,
RECORDE QUE NEM TODOS LOGRAM TER;
O ORGANISMO, EM GERAL, NÃO SE SUSTENTA
NA CAMINHADA RUMO AO ENVELHECER.

A SUBIDA SE FEZ DE FORMA LENTA,
MAS A DESCIDA PARECE CORRER;
OS SONHOS SE RAREIAM ENQUANTO AUMENTA
A POSSIBILIDADE DE MORRER.

ESSE FADO ACEITAR NÃO ME ATORMENTA,
POSTO QUE O DIA NEM POSSO PREVER,
E ASSIM O NÃO SABÊ-LO ME CONTENTA,

DESSA FORMA EVITANDO PADECER
DA ANGÚSTIA FATAL DA HORA CINZENTA
EM QUE JOÃO BOSCO DEIXARÁ DE SER...

TERESINA-PI; 09 DE NOVEMBRO DE 2014

Nascido em Francisco Santos, 70 anos completados no último domingo, dia 09/11/2014. João Bosco da Silva é bancário aposentado e tem dedicado grande parte do seu tempo a escrever em verso e prosa, abordando muitos temas, onde observamos o destaque dado a história da sua terra e do seu povo. Autor de inúmeras obras, onde citamos: Jenipapeiro, a Terra dos Espritados e o fabuloso Hino à Francisco Santos.


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