O escritor João Bosco da Silva tem dado uma contribuição inestimável para a perpetuação da nossa história. Além dos inúmeros livros, poemas e contos publicados e na sua maioria relacionados com a nossa terra e o nosso povo. Também vem contribuindo substancialmente com este modesto blog. Ele nos enviou a parte inicial de um longo poema dedicado ao povo de Francisco
Santos, intitulado OS JENIPAPEIRÍADAS, à feição de Os Lusíadas, de
Camões.
Em outras oportunidades discutimos as possibilidades de fazermos postagens mais curtas, mais enxutas. Ele concordou plenamente com a nossa idéia, e neste momento publicamos os cantos INVOCAÇÃO, A TERRA e
AS GENTES. Futuramente, faremos as publicações dos próximos capítulos.
I N V O C A Ç Ã O
I
POTESTADES do universo,
musas todas de Parnasso,
insuflai-me inspiração,
arte, engenho e mui compasso,
pra exaltar a Terra-Berço,
sua gente, seu espaço,
erguendo um canto altaneiro
à saga do mangalheiro!
II
Se é pretensão desmedida
Tais figuras invocar,
Há Gênios iguais na Terra
Na arte de poetar:
Homero, Camões ou Dante
Méritos têm a fartar.
E deles, certeza tenho,
Receberei todo empenho.
III
Mas se apelar for preciso
Às fontes nacionais,
Estão aí o Drumond,
E o Vinícius de Morais,
Do mesmo diapasão
Dos internacionais:
Por isso com eles posso
Bem me servir do que é nosso!
IV
E se mais e mais descer,
Hei de encontrar farta mina
Em regato remansoso
De água pura e cristalina.
Talvez seja até melhor
Buscar fonte nordestina:
Falo com orgulho e fé
Do portento do Assaré.
V
Patativa! Patativa!
Cedei-me por um instante
Vossa inspiração sublime
De poeta fulgurante
Para que eu possa dizer
Do meu povo itinerante
Qual disseste na dorida
Saga da Triste Partida!
A T E R R A
I
Estado do Piauí,
microrregião de Picos,
fora dos grandes cerrados,
mas de solos bons e ricos
e florescente mercado,
feito por homens profícuos
- Fica aí meu Chico Santo,
terrinha que eu amo tanto!
II
Apesar de pequenino,
um til no nosso a b c,
meu torrão é valoroso,
leitores, me podem crer:
sua gente honesta e boa,
de pertinácia e saber,
dá, com muita competência,
lição de sobrevivência!
III
Premido entre chapadões,
no vale do Riachão,
propícios para o cultivo
da mandioca e do feijão,
do caju que, ultimamente,
vem causando sensação;
o lavrador bem o fale
se há terra que se lhe iguale!
A S G E N T E S
I
Reza antiga tradição,
que há quase 200 anos,
por essas bandas passando
grupo de poucos baianos,
acharam a terra tão boa
que logo fizeram planos
de, com garra e valentia,
ocupá-la em sesmaria!
II
Diz a mesma tradição,
mais certa que duvidosa,
que de Antônio e de Izabel,
de Policarpo e de Rosa,
primos-irmãos entre si,
veio prole numerosa,
e destas boas sementes
somos todos descendentes!
III
Filhos, pois, de aventureiros,
valentes desbravadores,
lhes herdamos a coragem,
a ousadia e os pendores
das artes mercantilistas,
que nos fazem vencedores;
por este grande legado,
o nosso "muito obrigado!"
IV
Não temos Jeca Tatu,
o caipira de Lobato,
nosso tipo é o de Euclides,
tão fiel quanto um retrato,
frágil só na aparência,
porém um forte, de fato;
de tanto sol recebido,
já tem o couro curtido!
V
Esse dito logo acima
conduz a definições
quanto ao espírito de luta
dos nossos fortes varões,
que, enfrentando os empecilhos,
vão rebentando os grilhões
da pobreza e da miséria
aviltante e deletéria!
VI
Doma a terra agreste e seca
com teimosia e ação,
fazendo brotar milagres
nas messes da produção;
dá sempre a volta por cima,
pois de Deus tem a benção
e a fé como facho e norte,
que de fraco o torna forte!
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