sexta-feira, 26 de abril de 2013

Rolo compressor

                                        Por Eliane Cantanhêde(Folha de São Paulo)

          Olho vivo, porque estão votando restrições ao partido de Marina Silva e duas emendas constitucionais intrigantes. Uma retira o papel de investigação do Ministério Público e outra dá poderes ao Congresso para vetar algumas decisões do Supremo Tribunal Federal! 
          Quem são "eles", o sujeito oculto da frase - ou os sujeitos mesmo - no parágrafo anterior? Deduza o que quiser. O fato é que o Congresso, onde o governo, o PT e o PMDB têm imensa maioria, dá corda a projetos que prejudicam adversários ou têm caráter óbvio de retaliação. 
          Procuradores reagem à mudança no Ministério Público e os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio reagiram duramente à proposta, aprovada na CCJ da Câmara, de submeter ao Legislativo as súmulas vinculantes e as ações de inconstitucionalidade da corte. 
          Marco Aurélio classificou de "retaliação" e não é exagero, depois do mensalão e da impressão digital do projeto: o autor é o deputado Nazareno Fontes, do PT do Piauí. Só não se sabe se é coisa da cabeça dele ou se ele só deu o nome a uma emenda feita pelo partido ou por partidários. De toda forma, é uma guerra inglória. 
          Sem oposição e alternância de poder, a democracia esmaece. 
          Sem a mídia, a sociedade brasileira não ficaria sabendo desde mensalão (revelado pela Folha) a salários de R$ 15 mil de garçons apadrinhados no Senado ("O Globo" de ontem). 
          Sem os procuradores, o senhor e a senhora não teriam ideia do que ocorre por aí, desde a denúncia do mensalão à mais alta corte até as contas atribuídas a Maluf em paraísos fiscais. 
          Sem o Supremo, não haveria a condenação de reluzentes mensaleiros do Executivo, do Legislativo e do setor privado, num enredo, aliás, que ainda não está concluído. 
          O ex-presidente Lula, a presidente Dilma, o PT, principalmente, e o PMDB, acessoriamente, devem ser mais cautelosos e evitar essa sofreguidão contra adversários e críticos. A ideia que fica é de desespero.

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