Por Carlos Brickmann
Tudo muito simples: o PT lançou Lula, sabendo que não pode
ser candidato, e pôs Haddad de vice, mas para ser candidato a presidente. O
PCdoB retirou a candidatura de Manuela d’Ávila à presidência e nada lhe deu em
troca, mas ela sabe que será a vice de Haddad que é o vice de Lula.
Ciro namorou o Centrão mas pôs na vice uma esquerdista que,
até há pouco, era ruralista e conservadora das que não comem tomate porque é
vermelho. Boulos é candidato do PSOL mas apoia Lula que não pode ser candidato
mas finge que é. Alckmin afirma que sabe poupar, e é verdade: sobrou-lhe o
suficiente para conquistar o apoio do melhor bloco que o dinheiro pode comprar.
Alckmin corre um risco: escolheu uma vice melhor do que ele. Ana Amélia é, de
verdade, tudo aquilo que Alckmin diz que é.
E temos um caso curiosíssimo: pelo PMDB, maior partido do
país, com apoio do presidente da República, há Henrique Meirelles, o candidato
que é sem nunca ter sido. Meirelles tem dinheiro, pode pagar sua campanha, e
isso é suficiente para explicar como chegou a candidato. Mas Meirelles não tem
sorte: o presidente que o apoia é menos popular até do que Dilma, os caciques
do maior partido do país foram cada um para seu lado, cuidar de seus superiores
interesses, e a economia, que corria nos trilhos, desandou de tanto que foi
ordenhada para alimentar um Congresso faminto, que queria devorar um
presidente. Meirelles tem hoje só seu carisma – e é zero.